Haverá melhor sitio que Barcelos para juntar rock e hidromel numa noite? O Triciclo juntou duas bandas meias-homónimas para uma festa que justificou a fama da cidade e as suas grandes noites de música.

A antiga sede do Gil Vicente FC recebeu no seu palco os grupos Conjunto Corona e Solar Corona. Com muita música, dança e o Homem do Robe, fez-se uma noite de rock e hip-hop.

Foi no passado sábado que Barcelos abriu os braços a mais uma noite de rock, que passava também por uma onda de hip-hop, organizada pelo Triciclo. Com o espaço lotado, o público, em sintonia com as bandas, construiu uma noite cheia de música e muitos momentos engraçados.

Assim que o Conjunto Corona entrou em palco, gritos, assobios e aplausos era tudo o que se ouvia da plateia. A banda esperada subiu ao palco e começou a animar “Barcelos, a terra do rock”.

Num registo sempre cómico, os Corona abriram o concerto com “Santa Rita Lifestyle”. A este tema juntaram-se muitos outros, como “Perdido na Variante” e “Eu Não Bebo Coca-Cola, Eu Snifo”. Em todos os temas, era feita uma pequena introdução engraçada a que o público reagia com risos e aplausos.

Foi com esta forma divertida que surgiram momentos diferentes durante a atuação. Edgar Correia, letrista do grupo e também conhecido como Logos, caiu em palco durante uma das músicas tocadas, deram microfone às pessoas do público para que elas cantassem, as constantes piadas do produtor David Bruno, de nome artístico dB, na mesa de som, serviram shots de hidromel, entre muitos outros.

Outro fator que também contribuiu para que a banda conseguisse manter o constante registo cómico foi a presença do Homem do Robe, que deambulava pelo palco, enquanto desfrutava das músicas, de robe, calças de fato de treino por dentro das meias, chinelos, uma meia de vidro na cabeça e óculos de sol por baixo dela.

“O Homem do Robe nasceu quando tocámos no nosso primeiro Milhões em 2015. Ele apareceu em palco com a camisola do Rui Costa do Milan e a meia na cabeça. Agora evoluiu para isto”, explicou o grupo portuense. Com uma grande presença em palco, fazem o público delirar e dançar ao som do que ouvem. O mosh pit foi algo que não faltou à plateia barcelense.

Depois de tudo isto, conquistaram a cidade do Galo quando chamaram ao palco um rapaz que os foi ver ao Porto e, ainda na mesma semana, a Lisboa, quando a banda ainda não era muito conhecida e lhe agradeceram. “É preciso ser grato para quem nos segue”, referiram os membros da banda.

Mais no final da sua atuação, David Bruno, como forma de manifestar o quanto gostou do público e da energia, atirou os chinelos para a plateia, coisa que era especial, visto que só tinha tido esta atitude uma vez, em Braga.

Quando o concerto acabou, as pessoas começaram a gritar o nome de um dos seus temas, “Lo-Fi Hipster Sheat”. A banda voltou e disse que o público tinha de dar tudo nesta última canção. O entusiasmo foi tanto que Edgar Correia acabou a fazer crowd surfing e aquilo que era suposto ter sido “só mais uma” acabou por ser só mais três.

Bons filhos a casa retornam

Contudo, a noite barcelense não se limitou à banda que se caracteriza como “Uma ópera hip-hop psicadélica/rock’n’roll… aditada por molho de francesinha”. Para abrir a noite de rock, Barcelos acolheu os filhos, Solar Corona.

Com Rodrigo Carvalho (guitarra/sintetizadores), Peter Carvalho (bateria), José Roberto Gomes (baixo) e Julius Gabriel (saxofone/sintetizadores), a banda apresentou ao público a “boa vibe” do rock psicadélico. Com um estilo instrumental e cru, o quarteto barcelense fez a plateia vibrar com os temas “Gold Ray”, “Love Is Calling” e “Speedway”.

Foi com este último tema que o público entrou em transe. Com um ritmo acelerado no início, fizeram as pessoas saltar e dançar. Contudo, a música deu uma reviravolta e tornou-se mais lenta e suave, sem nunca perder a onda do rock.

O suor dos corpos, o crowd surfing nunca morreram, lá está, fazendo bem jus à fama do rock das boas bandas saídas de Barcelos.

A banda conquistou cada vez mais as pessoas à medida que vai apresentando os seus temas e quem não os conhecia não se deixou ficar indiferente: “Achei fantástico! Não conhecia a banda, mas achei muito interessante. É um take diferente, um estilo de música que não estou habituado a ouvir”, diz André, de Braga, ao ComUM.

Pedro, também de Braga, afirma que “o concerto não foi ao encontro do estilo de música que eu ouço, mas surpreendeu-me e gostei das músicas e de conhecer a banda!”

Assim, os Solar Corona reverberaram pela sede do Gil Vicente FC e fizeram uma abertura de luxo para o resto da noite. O próximo evento do Triciclo será a 21 de Novembro, no Teatro Gil Vicente, onde vai ser apresentado o projeto Slumberland.