A Lista A apresenta-se sob o mote “Academia de Futuro”, tendo como princípios orientadores a democraticidade, a representatividade e a independência.

Rui Oliveira candidata-se, pela primeira vez, para presidente da AAUM (Associação Académica da Universidade do Minho). O mesmo lidera a Lista A, encontrando-se isolado na candidatura ao cargo executivo da associação minhota, sendo este a única opção para as eleições dia 3 de dezembro.

O candidato não é novo no corpo executivo, vindo a ocupar o cargo de presidente adjunto no passado mandato, na lista vencedora de Nuno Reis em 2018. O mesmo cargo sofre uma alteração, existindo agora um presidente adjunto interno e externo.

Com experiência ao trabalhar com Nuno Reis, e com a própria aprovação do mesmo, levantou-se a expetativa que o trabalho de Rui Oliveira fosse seguir os passos do ex-presidente. O candidato confirmou que são uma “lista de continuidade”.

O aluno do mestrado integrado em Engenharia Mecânica, em entrevista ao ComUM, após o ex-presidente Nuno Reis comunicar que não se voltaria a recandidatar, afirma que “achava que tinha algumas ideias a acrescentar, tinha esta questão de trabalhar outros temas, por isso vi que seria uma boa oportunidade para se candidatar”.

ComUM: É justo afirmar que pretende continuar o trabalho do antigo presidente, Nuno Reis?

Rui Oliveira: Somos uma lista de continuidade, quanto ao trabalho que tem sido feito,  o qual avaliamos como muito positivo neste último mandato em particular. Por isso, sim, é uma lista de continuidade do trabalho que o Nuno tem vindo a fazer, com apostas se calhar noutras áreas diferentes. Este não é um ano, em comparação com o ano anterior, que tenhamos tantos eventos que marcaram o ano passado. O caso da alteração do Enterro da Gata, o caso do europeu de futsal e o caso da remodelação do START POINT. Por isso vai ter, necessariamente, outros objetivos. Mas isso não quer dizer que seja uma área de continuação do trabalho. Vamos continuar a trabalhar, talvez naquelas áreas que se calhar neste último ano não foram tão “a fundo”, temos que definir estratégias, sendo ainda mais um motivo por ser de continuidade.

ComUM: Qual foi o motivo que o levou a seguir o trabalho do anterior presidente?

Rui Oliveira: Esta é aquela pergunta fácil! A Associação Académica é sempre um projeto muito inacabado, no sentido em que há sempre muito para fazer. O lema da “Academia de Futuro” vem desse sentido. Nós sentimos que há uma Associação Académica antes de nós, vai haver, certamente, uma Associação Académica depois de nós. Somos uma passagem para ela, por isso temos que fazer uma parte do nosso trabalho para construir o que é uma “academia de futuro”. Eu tinha a vontade de assumir outro desafio. O Nuno assumiu comigo que também não tinha vontade de continuar. Eu achava que tinha algumas ideias a acrescentar, tinha esta questão de trabalhar outros temas, por isso vi que seria uma boa oportunidade para estar aqui, junto a uma equipa que também assumiu essa responsabilidade.

ComUM: Verificamos que afirmou na RUM que os estudantes não se encontravam longe do associativismo. O que significa a abstenção?

Rui Oliveira: As pessoas não ir votar é diferente do associativismo. O associativismo é também feito de outras maneiras para além da Associação Académica. Um dos casos é o caso dos grupos de curso que dão um ensino, e que cada vez mais cresce o número dos grupos de cursos na Universidade do Minho. Para além disso, mesmo sendo da associação, no ano passado surgiu um aumento significativo das pessoas que colaboram com ela. Tivemos um aumento de 20% de colaboradores que trabalham com a AAUM. Isto é um número importante naquilo que temos vindo a trabalhar. A questão da abstenção é sempre um problema muito grande. Não havendo o eVotUM, que pode dificultar a questão de baixar a abstenção. O estudante Erasmus que não pode votar, os estudantes em estágio também não, e, portanto, isto é uma dificuldade que naturalmente vai existir para baixar a abstenção. No entanto, continua a haver muita gente que não se desloca às urnas, mas isso é um problema que também temos a nível nacional e é necessário combater isso.

ComUM: “Considera-se que numa Universidade de Futuro serão exigidos novos métodos de Ensinos e Aprendizagem mais desafiantes”. O que quer dizer com isso?

Rui Oliveira: Temos três grandes pilares: questão da qualidade, inovação e princípio; o ensino superior para todos; o ensino superior participativo. Na questão do ensino de qualidade e inovação, o que nós queremos é que, pela experiência que vamos tendo, vamos sentindo que os estudantes falam muitas vezes em ter novos métodos de ensino com outras metodologias nas aulas. Por isso, queremos elaborar este tema, mas não temos respostas concretas para apresentar sobre ele. Se me perguntarem a mim, pessoalmente, tenho algumas, mas acho que não é o momento para partilhá-las. E aquilo que nós propomos não é bem uma proposta, mas sim que se inicie uma discussão. Ou seja, que exista espaços de discussão durante este próximo ano, para percebermos onde é que gostávamos de ter o ensino superior, que universidade queremos ter no futuro: a nível de modelos pedagógicos, espaços físicos… Como é que o funcionamento da universidade deve ser. Além disso, temos de perceber como estamos neste momento, ou seja, o que é que neste momento existe na universidade que não está a funcionar tão bem. Queremos fazer um estilo: onde é que estamos e onde queríamos estar. A minha experiência como Presidente Adjunto faz com que eu já tenha esta sensibilidade. Temos de ir um passo de cada vez, porque é assim que a associação académica cresce e é sustentável.

ComUM: Quais propostas, apresentadas pela Lista A, considera as mais importantes para este mandato?

Rui Oliveira: O programa é dividido em duas grandes partes. Uma é aquilo que defendemos, a nossa posição junto de outros órgãos, que não se encontra diretamente nas nossas mãos. A outra parte, que engloba as atividades da associação e a estratégia geral, dependem, essencialmente, da nossa total responsabilidade. É importante o compromisso que criamos com esta segunda parte. As propostas que destaco para este ano são, principalmente, questões relacionadas com a consolidação da marca START POINT, de modo a evoluí-la. Ao mesmo tempo, é essencial uma gestão da rede de colaboradores da associação, uma proximidade das reuniões com delegados e núcleos e procurar criar uma aproximação maior com os alunos de 3º ciclo. No que diz respeito ao sentimento de inclusão, que tem um papel muito importante na diminuição do número de alunos que abandonam o ensino superior, é necessário perceber como podemos potenciar os alunos a quererem ficar na nossa academia. E, assim, mostrar-lhes que não devem abandonar o ensino superior seja por questões socioeconómicas, culturais, físicas ou psicológicas.

ComUM:  A reestruturação da sede de Guimarães e construção de uma nova sede de Braga eram já propostas no mandato do Nuno Reis que não chegaram a ser efetivadas. Verificamos que, no manifesto atual, a Presidência e Representação Estudantil compromete-se de novo ao mesmo objetivo. Acha que consegue prosseguir com essas mudanças?

Rui Oliveira: A questão da sede de Braga já é falada, se não estou em erro, há cerca de 15 anos. Estamos a fazer um grande esforço para ainda, neste mandato, concluir este assunto e ter novidades sobre a sede. Depois caberá à próxima direção a execução do plano. Este ano é urgente encontrar uma solução no âmbito de arranjar um espaço próprio para a construção da sede, daí o impasse com a Câmara. No orçamento esses gastos já estão previstos, o problema é, de facto, o espaço. Falando da sede de Guimarães, no mandato passado, foi concluído e aprovado na primeira RGA (Reunião Geral de Alunos) do ano o plano para esta. O conceito é deixar de ser só uma sede de serviços, mas sim ser uma sede aberta aos alunos, com sala de estudo e espaço cultural. Cabe agora à direção seguinte efetivar e começar as obras, porém, o principal desafio é a questão financeira.

ComUM: A Lista A afirma que quer iniciar uma discussão quanto ao modelo de Ensino da Universidade do Minho. O que há, na sua perspetiva, para discutir?

Rui Oliveira: Não quero estender muito este tema, tenho a minha opinião e haverá momentos em que, certamente, a darei. Acho que o tema tem que ser chamado à universidade como um todo, para contribuir, discutir e trazer ideias de fora. Há imensa gente da universidade que faz Erasmus e que nos dá ideias de como foi a sua experiência por outros países. Por exemplo, tenho imensos colegas que tinham duas horas de aulas e o resto do tempo era passado nos espaços da academia a estudar, a fazer trabalhos e que me afirmam que trabalhavam e aprendiam muito mais lá do que aqui. Ou seja, a questão que temos que ver é se faz sentido estes modelos de passar sete, oito horas por dia num espaço como a sala de aula. Possivelmente, faz mais sentido haver mais autonomia, porém, lá está, é a minha opinião e o que eu acredito é que nós, alunos, nos devemos juntar, discutir e contribuir para gerar uma compilação dos pensamentos gerais dos estudantes até ao final do ano, uma espécie de livro. Ao mesmo tempo, não acho que deva existir um ensino unidirecional, ou seja, chegar à aula e ficar apenas a ouvir o professor. Acredito que o aluno deve comunicar muito mais com o professor, não pode ser igual como se eu estivesse a ver um vídeo no Youtube. A aula deveria ser um momento de partilha e de tirar dúvidas.

ComUM: Quanto à criação de políticas de adaptação, nomeadamente aos estudantes internacionais, já houve alguma reflexão sobre as mesmas?

Rui Oliveira: Nós queremos começar a criar esta discussão. Por vezes pequenos pormenores como cartazes de atividades da associação e fichas de inscrição para as mesmas em língua inglesa ou publicações da associação na sua página, também em inglês, fazem a diferença. Mas, também, o que nós queremos é sentarmo-nos com eles e perceber o que podemos fazer por eles. É a tal questão de criar essa auscultação, criar proximidade com eles.

Reportagem: Maria Carvalho e Tomás Moreira

Imagem: Sofia Vieira

Edição: Sofia Vieira