Sam Fender, que para muitos ainda é um desconhecido, vem subindo e conquistando espaço como um talento emergente. Muito inspirado em Bruce Springsteen, o jovem aproveita muitas vezes para expôr os problemas da classe trabalhadora no álbum de estreia.

As 13 músicas que compõem a coletânea fazem chegar aos nossos ouvidos o puro Indie. Os instrumentos levam-nos aos anos 80, como demonstra logo a faixa de abertura. Hypersonic Missiles”, que dá nome ao álbum, não deixa ninguém indiferente. A voz do inglês e os acordes da guitarra com a bateria transportam-nos para os males da sociedade atual, que ele não quer ver.

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O carácter autobiográfico acompanha-nos como se de uma história se tratasse. “The Borders”, a música favorita de Fender no álbum, explica o crescimento de dois rapazes que depois se separam. Imensas vezes, a voz fica em segundo plano. “White Previlege” soa como uma música mais feliz, mas é uma crítica ao modo de vida que todos à sua volta levam, que ele não quer seguir.

O baixo visita-nos e espelha “Dead Boys”, a seriedade na voz de Samuel aborda o tema das doenças mentais, no caso, após perder um amigo que se tinha suicidado. Por sua vez, à primeira vista, “You’re Not The Only One” parece uma declaração de amor, mas logo percebemos que não é convencional, ambos percebem que algo de mau os uniu.

Uma das músicas mais conhecidas é “Play God”, que faz parte do jogo de futebol FIFA 19. Tudo parece uma visão de George Orwell, em que tudo controla a classe trabalhadora, sem quase os deixar respirar. “That Sound” é suposto ser uma celebração da música, onde o Rock nos faz sorrir e entrar no mundo de Fender.

A injustiça para quem trabalha continua em “Saturday”. O cantor esteve prestes a “deitar fora” esta faixa, pois soava muito ao Pop que viraliza nas rádios, mas ainda bem que não o fez, pois todos, principalmente os estudantes, gostamos muito quando chega a sábado. “Will We Talk?” fala das paixões de uma só noite, algo que marcou o cantor na infância.

Na décima música do álbum, “Two People”, fala de um casal que o artista conheceu na adolescência. O tom baixo e pouco melódico retrata a infeliz história da violência doméstica. “Call Me Lover” é a música menos elaborada do disco. A repetição do título explica a infidelidade de quem é casado.

Leave Fast” é um poema sobre a vila de onde Sam Fender é natural. Explica que até a mais pequena cidade pode ser bonita. A fechar, escutamos uma versão ao vivo da música “Use”. É bonito ter uma faixa sem o auto tune normal das versões de estúdio.

No final de tudo, as letras e o ritmo do álbum deixam-nos melancólicos. Ouvir e pensar já não acontece em muitas canções, e sentimo-nos com vontade de mudar os males que pairam no mundo e na sociedade atual. Certamente que foi uma boa estreia do miúdo Fender.