Tunas de várias partes do país encheram Braga para a concretização do IV Tunão com a música que só quem pertence a uma tuna sabe fazer.
Uma das grandes noites académicas do ano decorreu, este sábado, no Auditório do Conservatório de Música Calouste de Gulbenkian. Fitas, pandeiretas e bandeiras esvoaçaram e animaram a noite aos familiares, amigos e apaixonados por tunas.
A TUM, Tuna Universitária do Minho, abriu em grande o espetáculo com o tema “Terras De Portugal”. Com a cortesia das vozes e das cordas da única tuna masculina no festival, o tema “Tunalmente Molhado” foi dedicado à Tun’ao Minho. Por último e, sem nunca faltar o típico humor, “os padrinhos” tocaram a música que melhor os caracteriza: “Boémia”.
A primeira tuna a concurso foi a Vibratuna. Sempre com um sorriso no rosto, apresentaram o instrumental “Revolução” e “Não Hesitava Um Segundo”, de Ana Moura. “A Saudade De Querer Voltar” foi o mote para “Volta, Não Vais” e, aqui, duas tunantes dançaram com a capa, traçando-a no centro.
De seguida, entrou a Tuna Feminina de Engenharia da Universidade do Porto, a TUNAFE. A música serve “para unir a razão e a emoção” e, desta forma, pediram ao público para fechar momentaneamente os olhos e sentir “Tamanco”. Numa sinestesia de ritmos e sons, dedicaram “Serenata Ao Porto” à cidade que as acolhe e “Canção De Madrugar” às pessoas que as motivam.
A Tuna Feminina de Medicina da Universidade de Coimbra, TFMUC, também subiu ao palco. Iniciaram a sua atuação com o tema “Tuna”. “É um enorme gosto estar no IV Tunão. Braga é uma cidade muito acolhedora”, disse uma delas. Num autêntico roteiro musical, elevaram “Pó De Estrelas”, “Cidade Amor” e “Em Pedaços”. Este último em homenagem à tradição do Rasganço: “Quando um estudante de Coimbra acaba o curso rasga o traje todo”.
De saia comprida e capuz na cabeça, era hora de ouvir a C’a Tuna aos Saltos. Quiseram, primeiramente, homenagear a “cidade neve” com a canção “Eterna Covilhã”. “Aqui bem perto temos o Bom Jesus e lá a Torre da Serra da Estrela” e, neste jogo de semelhanças entre Braga e Covilhã, apresentaram “Menina Do Alto Da Serra”. O frio é, porém, a maior semelhança e, com o tema “Gabriela”, de Gal Costa, o público aqueceu, batendo palmas.
Num momento de sátira, os Jogralhos apresentaram a Silentuna que, tal como diz o nome, é uma tuna que não faz barulho nenhum. “Se for preciso aguentar mais tempo podemos sempre gaguejar”, brincou um deles. Entre piadas e rimas, a tuna anfitriã preparava-se para atuar.
As cortinas abriram e, ao som de uma delicada flauta transversal, entoaram “Não Chames Pela Saudade”. “Não há palavras para descrever aquilo que hoje estamos a sentir”, afirmou uma capotilha. Em momento de instrumental, “Insónia” fez as tunantes parecer estar dentro de uma coreografia, mexendo-se alegremente. Para aconchegar a alma e o coração, ecoaram pelo auditório “Rancho Fundo”. E tunão não é tunão “sem uma estreia” e, assim, interpretaram a mais recente adição ao repertório: “Las Guardenias”. Não podia faltar “Trovas De Amor”, o tema mais icónico da tuna que representa o que é estudar em Braga.
Na hora de entrega de prémios, a C’a Tuna aos Saltos foi a grande vencedora da noite, levando os prémios de Melhor Serenata, Melhor Pandeireta, Melhor Estandarte, Melhor Original e Melhor Tuna. A Vibratuna recebeu o prémio de Melhor Solista e a TUNAFE o prémio de Melhor Instrumental
A música “Trem Das Onze” encerrou a noite e a felicidade no rosto de todos os presentes era impossível de disfarçar. “Existe um sentimento de concretização”, encerrou uma capotilha.
Durante a tarde de sábado, as ruas da Avenida da Liberdade encheram-se de muita animação. Uma das atuações ficou a cargo de um grupo de percussão de Erasmus que, com sons fortes e genuínos, deslumbravam quem lá passava.
Sexta-feira à noite foi noite de serenatas no Salão Medieval da Reitoria. Os candelabros e os tons castanhos da sala eram tão magníficos quanto aquilo que a noite reservava. A Tun’ao Minho fez as honras. Num dos momentos da atuação, uma voz doce e delicada, cantou “Sol De Inverno”, de Simone de Oliveira. Finalizaram com “Tu Gitana”.
Outras tunas participaram também nesta noite. A TUNAFE concretizou “Eu Sei”, de Sara Tavares, e “O Tempo Não Para”, de Mariza. Os tricórnios abanavam ao alto, pois, em cada canção, esteve, claramente, marcado o sentimentalismo estudantil.