Em pouco tempo, grande parte do público começou a ouvir falar de um jovem minhoto. Depois de vencer o Prémio de música realizado pelo festival Mimo de Amarante, Chico da Tina começou a ecoar nos ouvidos dos menos atentos, incluindo eu.
Minho Trapstar é o álbum de estreia, após o sucesso do EP Trapalhadas. Tradição e nostalgia são as sensações ao ler os seus poemas, acompanhados por músicas pouco expectáveis.
Os sons do Minho fundem-se com Brooklyn e o Rap mistura-se com as Papas de Sarrabulho. A sátira é o ponto central da história de um cantor que se dá a conhecer ao longo das 10 faixas que constituem o álbum, visto que o artista não revela nada da vida pessoal. Nunca nos podemos desligar das suas divagações por causa das letras um quanto obscenas, tudo faz parte do seu universo.
“Apresentação interativa” é, como o nome indica, usado para o público interagir e se ele disser Chico, vocês dizem “da Tina”, se não cantares num concerto, és provavelmente expulso. Em “Romarias”, a alusão a diferentes festas do Minho aproxima quem é da zona, percebendo as referências muito mais rápido. As críticas a quem não entra no espírito também são bem explícitas, se não pões os pés lá, és um “fake, bro”.
Para mim, “Castolo” foi a faixa que mais me conquistou. Sendo uma adepta fiel ao jogo Pro Evolution Soccer, impossível não ter contratado este craque criado pela Konami. Mas falando na história, é possível perceber a subida a pulso do trapstar com deixas como “Quantidade não é qualidade eu sei, mas no meu caso até é” ou “Eu mereço cada cêntimo que ’tá no cachê”.
Se perceberam a “FREICKEN”, avisem, talvez seja um novo código morse. De repente, ouvimos tiros, e “Deitei Tarde Acordei Late” amedronta-nos para o que pode aí vir. No entanto, é só mais um momento de comoção com as gargalhadas que ele nos faz exprimir. Apesar de não beber, acabei o álbum com um garrafão de vinho verde na mão.
“Minho Trapstar” é a música que dá o nome ao álbum, e deparamo-nos, mais uma vez, com a auto-biografia do vianense, com um campo lexical bastante típico, onde nunca pensei ouvir “vinhão” ao som de um Trap. “Triangle Chest” referencia a imagem de marca do músico, um triângulo feito com pelos do seu peito, só vendo percebem que só fica bem nele, não tentem sequer copiar.
Todo o universo de Chico da Tina toca o português de gema. Nem toda a gente poderá entender o que se passa na cabeça do jovem, mas a certeza é a que vamos ouvir falar cada vez mais do génio incompreendido que anda de skate com uma concertina às costas.
Artista: Chico da Tina
Álbum: Minho Trapstar
Editora: Branditmusic
Data de lançamento: 20 de novembro de 2019