O Coro Académico da Universidade do Minho comemora 30 anos. Como já é habitual, a celebração do Natal acontece este fim de semana, na Sé de Braga.

O Natal já se sente nas ruas de Braga. O concerto natalício do Coro Académico da Universidade do Minho (CAUM), o Puer Natus Est (PNE), realiza-se este sábado, dia 14, e embeleza este espírito. Enquanto a data não chega, o grupo cultural ensaia pelas salas da academia, nos últimos preparativos para o espetáculo.

Estes anos são viagem e, para alguns, o CAUM entra a bordo. Fundado em 1989, é, para os seus membros, mais do que um grupo académico. Unindo-se todas as semanas pela música e pelo dom de cantar, o CAUM é um equilibrado misto de vozes, em que a sua harmonia e elegância não deixam ninguém indiferente.

Entram e saem todos os anos membros do grupo, contudo, a essência permanece a mesma ao longo das gerações. “O que é impressionante é que eu olho para o CAUM hoje e sinto o mesmo espírito que eu sentia no coro quando cá estava”, revela Gabriel, antigo corista.

A cooperação, a solidariedade e o interesse comum são pilares desta equipa. Vítor, antigo corista, fala sobre o crescimento proporcionado pelo CAUM. Para estes membros, pertencer ao coro é, além de cantar, poder desenvolver outros valores. “Essas questões, que parecem não ter nada a ver com música, são valores que a gente trabalha dentro de um grupo”, remata.

O Puer Natus Est é o pódio onde se aviva este companheirismo. Este ano é singular, porque encerra as celebrações dos 30 anos do Coro Académico da Universidade do Minho. Quando questionados sobre o significado desta ocasião, o sentimento é diferente. É recordar o passado e reencontrar amigos – alguns já com filhos – num edifício tão emblemático como a Sé de Braga. É a celebração de mais um ano de coro, de união, de convívio, de amizades e de um conjugar de imensas emoções.

“O PNE representa a essência do coro numa época tão bonita e tão especial”, conta Inês Mouroa, um dos membros da organização. “Gratificante” é a palavra de ordem no que concerne à montagem do espetáculo. Poder dar a cara, incentivar e orientar o coro, motivar as pessoas a assistir ao espetáculo e proporcionar um bom ambiente são os maiores desafios. Ver o público satisfeito é a maior recompensa. “Poder terminar um concerto, respirar e dar aquele suspiro final: a plateia está contente. As músicas, às vezes, podem nem correr assim tão bem, mas sais de lá com aquele calor”, admite.

Os caloiros também vivem de forma diferente este espetáculo, talvez por ser uma estreia. Constitui uma das primeiras atuações e é o momento em que alguns dos novos membros passam a efetivos. Bruna Filipa será uma das sortudas. Para a estudante de Medicina, tem um significado “especial” por demonstrar o trabalho e a dedicação pelo coro, “que se vai manter por muitos anos”. Destaca também as amizades que por lá se criam como “das coisas mais bonitas”. No meio da emoção, relembra o seu primeiro PNE. A magia encantou-a: “Eram as músicas de Natal na Sé de Braga que, para mim, têm uma acústica muito bonita. O som era maravilhoso. Adorei”.

Mudam-se os tempos, mantém-se a vontade de cantar. Não é um raro regresso. Os antigos são parte fulcral deste quadro. A vida nem sempre permite continuar no coro e o convite é encarado com apreço. “Sinto-me de facto honrado por este convite, porque relembra que o coro tem um passado”, diz Faria, antigo corista. Para Vítor, voltar a cantar com pessoas que fizeram esse percurso com ele e com pessoas que estão a iniciar esse percurso, “cheias de talento e cheias de vontade”, é “especialíssimo”. É a sensação de voltar a casa.

Convidá-los é reconhecer o seu papel fundamental na história do CAUM. “Só cantamos ali hoje porque houve pessoas que antes de nós trabalharam imenso”, assume Inês Mouroa. Sobre esta epígrafe, o concerto de celebração dos 30 anos vai traduzir toda a maturidade do grupo. Realça que será diferente em meros aspetos, pois o objetivo é o mesmo: celebrarem-se uns aos outros, a época e as pessoas que os vão ouvir.

Puer Natus Est

Telma Cardoso/ComUM

Espera-se, este sábado, uma Sé cheia. Prevê-se chuva e, ao mesmo tempo, prevê-se que as más condições meteorológicas não afastem a cidade bracarense de um concerto que promete ser emblemático e aquecer os corações de todos.