Com tantas produções natalícias existentes no mercado, é difícil acreditar que se consiga produzir um novo clássico, fresco e original. Klaus, no entanto, superou todas as expectativas. Com o típico formato em que o protagonista com más intenções percebe o que é realmente importante, a animação introduz um elemento de magia que derrete qualquer espectador.

O conto acompanha a história de Jesper, descendente de uma família rica, dona de uma agência de correios. O protagonista, rapaz mimado, recebe um ultimato do pai e é enviado para Smeerensburg, onde terá de enviar 6.000 cartas ou será cortado da herança familiar. Contamos também com a presença de um lenhador solitário, Klaus, que produz brinquedos na sua cabana, e Alva, uma professora sem alunos. Os três entram numa aventura que mudará para sempre a cidade.

Klaus

Um dos pontos de destaque de Klaus é, sem dúvida, a personalidade trabalhada e complexa das personagens. Até Jesper, que possui um arco de personalidade relativamente comum neste tipo de histórias, consegue ter o seu momento enternecedor para com o público.

Klaus, por sua vez, desperta, desde o seu primeiro momento em cena, a atenção e curiosidade do espectador. Todos procuramos compreender o homem misterioso que se mantém silencioso nas primeiras cenas e que revela uma história comovente. Por fim, Alva é um símbolo de esperança e altruísmo numa terra onde as crianças não vão à escola. Os próprios atores que dão voz às personagens fazem um trabalho excelente ao manter um registo realista e igualmente fantástico.

Klaus

Relativamente à banda sonora, é de destacar a música da autoria de Alfonso González Aguilar, que percorre o filme. Esta perde, no entanto, na escolha de alguns títulos mainstream que poderiam ter sido alterados por composições mais atmosféricas.

A animação propriamente dita culmina num registo entre 2D e 3D que recria no mundo moderno a sensação calorosa e nostálgica dos nossos filmes de infância. Isto revela-se, sem dúvida, um dos aspetos pelos quais o trabalho ganha.

No geral, Klaus é percorrido por uma magia cinematográfica que se encontrava, a meu ver, um pouco perdida nas animações mais recentes. É por isto que afirmo que a longa-metragem facilmente se pode tornar um novo clássico de Natal, ao lado de nomes como O Expresso Polar e Elf.