No dia 28 de novembro chegou aos cinemas portugueses um filme de mistério: Knives Out: Todos São Suspeitos. Com realização de Rian Johnson, o trabalho não se apresenta tão espetacular como seria previsto, mas conta com uma narrativa bem pensada e surpreendente.
Em Knives Out: Todos São Suspeitos o tabuleiro de Cluedo vira para dar lugar a um drama familiar que mais parece uma novela mexicana. Dramatismos e histórias paralelas à parte, o objetivo do filme é o mesmo que o do jogo: descobrir quem matou o anfitrião ou, neste caso, o dono da mansão. No entanto, já se sabe o local do crime – o escritório – e a arma – uma das múltiplas facas da coleção do homem. Só falta mesmo descobrir o culpado. Escusado será dizer: todos são suspeitos.
A longa-metragem começa logo com um momento alto: a descoberta do corpo do famoso escritor Harlan Thrombey (Christopher Plummer) pela governanta da mansão. A partir daí, o perspicaz e inquisitivo detetive Benoit Blanc (Daniel Craig) entra em ação, supostamente contratado por um membro da família para resolver o mistério.
Claramente, o trabalho de Blanc não será fácil. Todas as personagens estão criadas de modo a envolver o espectador numa teia de desconfianças e reviravoltas e a distraí-lo da verdade até ao derradeiro final. Para além disto, como é típico de um filme policial, há sempre aquele que aparenta ser o culpado desde o início, só para se mostrar totalmente inocente no final. Não, não é Inspetor Max, é mesmo Knives Out: Todos São Suspeitos. Rian Johnson usou e abusou deste jogo de suspeição, e muito bem. Porém, a pedido do mesmo, não revelo mais, sob pena de desvendar o que não devo.
Sem dúvida, as personagens que dão maior vida à história são o inspetor Benoit Blanc, o próprio Harlan Thrombey e a sua enfermeira, Marta Cabrera (Ana de Armas). A rapariga é, sem dúvida, o fator cómico do filme. Inocente e humilde, filha de uma imigrante ilegal mexicana, não consegue mentir sem vomitar. É verdade. São muitos, e dos mais variados, os momentos em que isto acontece. E, por isto, Marta torna-se também a fonte predileta de Daniel Craig que, com o charme de James Bond já adquirido, cumpre o papel de detetive de forma impecável.
Também Hugh Ransom Drysdale (Chris Evans) se revela uma performance excelente. A cara da América interpreta, desta vez, o neto mimado da vítima, e encaixa no papel como uma luva, graças ao empenho e boa postura que apresenta. No entanto, o pouco tempo de antena faz o espectador distanciar-se bastante da personagem, quase esquecendo a sua presença na história até determinado momento.
Devo dizer que, durante a maior parte do filme, os movimentos de câmara são quase inexistentes, o que alimenta algum tédio no público. No entanto, a precisão com que depois se vão desenvolvendo e tornando cada vez mais fulcrais para a perceção dos acontecimentos, é esplêndida. Mais um aplauso a Rian Johnson por este ponto.
Em suma, Knives Out: Todos São Suspeitos é interessante e chamativo. Devo admitir, no entanto, que não é o brilharete que se fazia esperar. Mas há que valorizar positivamente o trabalho dispendido na preparação do enredo e narrativa. É esse o ponto forte e que nos faz andar com a cabeça às voltas praticamente o tempo todo. Um filme ótimo para entretenimento e para uma boa tarde de mistério, sem dúvida.
Título Original: Knives Out
Direção: Rian Johnson
Argumento: Rian Johnson
Elenco: Christopher Plummer, Daniel Craig, Ana de Armas
EUA
2019