A segunda década do século XXI está a chegar ao fim. Nesta contagem decrescente para os novos anos 20, não relembramos apenas as rabanadas que fomos comendo em família durante dez anos. Recordamos histórias comoventes, narrativas brilhantes e imagens de tirar o fôlego. Embora seja difícil reduzir uma época fantástica a apenas alguns nomes, o ComUM selecionou, em revista, algumas das produções que mais se destacaram ao longo da década.
Shutter Island (2010)- Fenomenal. Um filme que consegue queimar o cérebro a qualquer pessoa. Bem pensado pelo grande Martin Scorsese, cada pequeno pormenor conta para aquele que é um desfecho brutal. A história da investigação do desaparecimento de uma assassina num hospital psiquiátrico para criminosos conta com Leonardo DiCaprio (Teddy Daniels) e Mark Ruffalo (Chuck Aule) nos papéis principais. Com paisagens tempestuosas e planos vertiginosos, Shutter Island promete deixar também o espectador perto de um estado de loucura. (Título Original: Shutter Island)
A Origem (2010)- Surreal é provavelmente a palavra que melhor descreve a produção de Christopher Nolan. Com personagens que caminham conscientemente pelo mundo do sonho, o espectador é constantemente deixado sem respiração. Por entre cenários fascinantes e detalhados e cortes de movimentos repentinos, mal temos tempo para perceber se a sensação é de dor ou prazer. Não se vai perceber tudo há primeira, nem mesmo até ao final do filme. A Origem vai permanecer na nossa cabeça por horas, enquanto tentamos solucionar o desfecho inexplicável. Um mundo de suspense e sublimação. Uma das maiores obras-primas de Nolan. (Título Original: Inception)
Os Miseráveis (2012)- Profundo, intenso e chocante. Uma produção fantástica de Tom Hopper, a partir do musical da Broadway com o mesmo nome. A narrativa apresenta a história da Revolução Francesa, bem como vários pontos de vista do conflito, dependendo das classes sociais ou grupos. Não é apenas mais um Musical para cantarolar e abanar a cabeça. É um hino à liberdade e um espelho das coisas horríveis que um ser humano consegue fazer para defender determinada ideologia ou poder. Simplesmente maravilhoso. (Título Original: Les Misérables)
O Lobo de Wall Street (2013)- Enriquecedor. Baseado numa história real, o trabalho de Martin Scorsese passa na perfeição uma mensagem para a vida de cada um. Mostra que chegar ao céu é possível, mas a ascensão traz todo um tipo de novos perigos que nos podem levar a cair com estrondo muito rapidamente. Leonardo DiCaprio é a estrela do filme, e eleva-o graças a uma incrível e venerável prestação. (Título Original: The Wolf of Wall Street)
Whiplash – Nos Limites (2014)- Podia ser mais um filme sobre a ascensão de um músico até ao topo, mas não. J.K. Simmons (Terence Fletcher) tratou de tornar um argumento sem poucas pernas para andar num dos filmes da década. No fim, parece que fizemos uma maratona, acompanhando cada baqueta na bateria. Todos os prémios que a trama de Damien Chazelle recebeu demonstram a boa receção da crítica. (Título Original: Whiplash)
A Guerra dos Tronos (2011-2019)- Todos conhecemos alguém que, a certa altura, não parava de dizer “You know nothing, Jon Snow”, que sabia os nomes de todas as famílias da série ou que não parava de falar de uma personagem que depois foi assassinada. Por muito desapontantes que as últimas temporadas da adaptação dos livros de George R. R. Martin tenham sido, não se pode negar a grande qualidade da maior parte da história, da intriga e dos efeitos de Game of Thrones. Um trabalho marcante de David Benioff e D. B. Weiss que vai, certamente, inspirar vários filmes ou séries de fantasia medieval do futuro. (Título Original: Game of Thrones)
House of Cards (2013-2018)- A melhor série sobre política de sempre. O trabalho de Beau Willimon presenteia o espectador com uma ideia clara de como funcionam os bastidores deste mundo de congressistas, deputados e presidentes. Apesar de ter perdido bastante qualidade com a saída de Kevin Spacey na última temporada, House of Cards não deixa de ser brilhante e genial. Um testemunho atribulado daquilo que é a vida neste mundo tão fechado. (Título Original: House of Cards)
Peaky Blinders (2013- )- Um drama épico sobre um gangue das ruas de Birmingham no pós-Primeira Guerra Mundial. Mas a série de Steven Knight é muito mais que isso. É um retrato de homens traumatizados pela guerra, mulheres que tomaram conta dos negócios, que são já por si sujos e perigosos. Rivalidades étnicas entre gangues, amores profundos, violência gráfica e uma família cujos laços são a alma da história destacam-se na produção. E, claro, o charmoso Tommy Shelby que, por muito mal que faça, conquista-nos sempre com palavras suaves e gestos inesperados. A aura vintage da imagem e a complexidade do enredo histórico faz-nos desejar pertencer à época e até, quem sabe, aos “Peaky fucking Blinders”. (Título Original: Peaky Blinders)
Como Defender Um Assassino (2014- )- Um murro no estômago para quem acha que já sabe tudo sobre séries de advogados. A produção da ABC, genialmente tecida em analepses, fala-nos acerca da indestrutível advogada Annalise Keating (Viola Davis) e dos cinco alunos de direito escolhidos a dedo para serem seus aprendizes. Mas o que acontece quando os seus alunos têm que aplicar o que sabem num caso aterrador? Colapsos pessoais e profissionais,enredos amorosos densos e assassinatos, tudo coberto por um manto de mistério que nos deixa envolvidos de início a fim. (Título Original: How to Get Away With Murder)
A História de Uma Serva (2017- )- Simplesmente incrível.Uma série tão perturbadora que nos faz perguntar se o futuro representado está assim tão distante. Adaptada do livro de Margaret Atwood, a primeira temporada estreou em 2017 e deixou milhões colados ao ecrã. Gilead é dominada por um governo extremista e opressor que controla as pessoas pelo medo e uso da força. Devido à baixa taxa de fertilidade, as mulheres capazes de procriar são separadas das suas famílias e passam a ser aias (handmaids), tratadas como bens cuja única função é reproduzir. Questões ambientais, orientação sexual, religião e o papel da mulher na sociedade são temasabordados ao longo das (até aqui) três temporadas da produção que já conquistou mais de 20 prémios. Os trajes usados pelas aias são já símbolo da luta feminista em países como a Argentina e o Brasil. (Título Original: The Handmaid’s Tale)