A Circularidade do Quadrado, Dimítris Dimitriádis Geometrias variáveis do amor e do desejo foi o nome completo da peça apresentada pelos alunos da Licenciatura de Teatro.
Na passada noite de quarta-feira, dia 22 de janeiro, o Espaço Oficina, em Guimarães, foi anfitrião da encenação dirigida por Nuno M. Cardoso e interpretada pelos estudantes do terceiro ano da Licenciatura em Teatro da Universidade do Minho. Numa performance intensa e despida de qualquer tentativa de “não ferir suscetibilidades”, os atores conduziram um forte espetáculo de duas horas.
Os finalistas deste ano letivo, no âmbito da Unidade Curricular de Laboratório 5, conceberam um espetáculo que tocou em quatro pontos sensíveis, figurados através de histórias paralelas. Contudo, estes vértices do quadrado foram ligados por linhas ténues que revelaram decorrer com uma certa correspondência. Visto que todas as narrações tinham, pelo menos, uma questão em comum: ser uma variável do amor e do desejo.
A plateia foi maior do que os atores e o encenador esperavam. Mesmo apertado e ansioso pelo começo da peça, o público, ao entrar na blackbox do Espaço Oficina, parecia sentir-se a entrar num ambiente completamente distinto. Os atores já estavam em cena, sentados em cadeiras e poltronas dispostas no centro da sala preta. O ar era pesado, bastava olhar a expressão, não só facial, mas também corporal de cada ator para entender que o que iriam representar não era algo que se suportava de ânimo leve.
As “duas horas sem intervalo”, como alertou Nuno M. Cardoso que seria a duração do espectáculo, passaram sem se fazerem notar. A forma como a peça foi conseguida permitia que cada pessoa na sala se identificasse com pelo menos uma das histórias, ou das situações, ou até somente uma das variáveis apresentadas. A performance dos atores e a maneira crua como os assuntos foram abordados faziam com que o público mergulhasse num oceano de hipóteses e se perguntasse como acabaria o espetáculo.
A peça, que falou, sem preconceitos, de sexo, de agressividade e de amor, repetiu-se várias vezes. A primeira vez que a performance retornou a apresentar-se como igual foi assinalada por uma grande movimentação que obrigou à interação dos atores com membros do público. Depois desta azafama, os intérpretes das personagens sem nome já não eram os mesmos, mas as quatro histórias permaneciam imutáveis.
O público aplaudiu de pé o espetáculo que os estudantes lhes proporcionaram. Apesar de uma narrativa confusa, cheia de mistérios, induções e intensa, “A Circularidade do Quadrado” apresentou-se circular. No entanto, essa característica não tornou a peça mais previsível, mas pelo contrário, emocionante e com uma força que toca.