A Despedida, lançado esta quinta-feira, dia 9 de dezembro, em Portugal, é o filme indicado para arrancar lágrimas da audiência. Colocado numa situação mórbida, apresentada de forma realista, contém uma certa comédia que alivia o seu peso.

Billi, filha de um casal chinês que emigrou para os EUA, reúne-se com a família na China para o casamento do primo. No entanto, este não é o verdadeiro propósito. A avó da protagonista seria diagnosticada com cancro no pulmão e, conforme a tradição chinesa, a família esconde a verdade da idosa, que continua então a pensar que está tudo bem.

A Despedida

Logo pela premissa, podemos ver onde o filme se destaca. A situação da trama leva a um confronto cultural entre o oriente e ocidente. A personagem principal, com a sua cultura ocidental, procura confrontar esta tradição chinesa. Isto leva o espectador a refletir sobre o caso e sobre a forma como as culturas podem variar nesse sentido.

O elenco conta com Awkwafina, que venceu, graças a este papel, o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz de Comédia ou Musical. A prestação da descendente asiática como Billi mostra o quão multifacetada consegue ser, ao trabalhar a personagem de forma única, numa longa-metragem com passo lento.

No entanto, o trabalho genial não pertence apenas a Awkwafina. De forma geral, conseguimos sentir emoções reais dos atores, o que contribui para o realismo que é suposto ser sentido.

A Despedida

Embora o A Despedida possa ter um passo lento, deixa a sensação que devia ter sido ainda mais lento. A duração do filme não faz justiça aos diversos problemas que a família enfrenta e deixa ainda alguns “plot holes”. Este fator retira bastante ao trabalho, uma vez que o argumento em si consegue deixar o espectador focado em todas as personagens nos primeiros 15 minutos.

A cinematografia é bem estruturada e conta com uma ótima apresentação. Consegue colocar-nos no local em que as personagens se encontram e todo o cenário, cor e luz combinam com o sentimento do argumento. Por outro lado, também a banda sonora marca pontos, ao acrescentar ainda mais à imagem e ao texto.

Em suma, A Despedida é, sem dúvida, um filme do nos que podemos servir para arrancar aquelas lágrimas presas. Contém um charme que consegue construir-se em conjunto com o argumento fenomenal de Lulu Wang. Todavia, deixa-nos a pedir mais. Não no sentido de qualidade, mas sim de profundidade.