A 5 de setembro de 1997, fomos presenteados com um filme acerca de uma personagem cuja cara não é de todo desconhecida para grande parte das gerações. Bean: Um Autêntico Desastre é, como só podemos esperar de Rowan Atkinson, uma comédia que oferece momentos hilariantes.
A longa-metragem de Mel Smith fala acerca da personagem que lhe dá nome. Os funcionários da Royal National Gallery de Londres (da qual Bean é uma espécie de segurança) engendram um plano para se livrarem do protagonista durante alguns meses. O homem terá, portanto, de viajar para os Estados Unidos da América. O problema é que a galeria de arte americana exige que lhes seja enviado o seu mais ilustre conhecedor de arte. É aí que os problemas começam a surgir, porque Bean não o é.
Nunca me considerei fã de comédia, mas acabo sempre por abrir uma exceção para as peripécias desta icónica figura britânica. Quando um filme tenta ganhar pelo cómico de situação exagerado e pelas caretas aparvalhadas, perco quase de imediato o interesse. Contudo, Rowan Atkinson tem o que eu considero um dom para a interpretação neste género. Aliás, chega, por vezes, a ser difícil imaginar o ator enquanto alguém normal e sério, apesar de que devemos saber que é apenas um papel. Mesmo assim, entrega de Atkinson é fenomenal.
Salvaguardo os planos bem captados e a paleta de cores agradável. Também a banda sonora de Howard Goodall, que tão bem acompanha os desastres do protagonista, torna, de facto, Bean: Um Autêntico Desastre em algo de “fácil digestão”.
Por outro lado, apesar de o protagonista ser bastante interessante e dar vida ao espetáculo, sinto que tanto o ator como a personagem são feitos para provocar o cómico em momentos mais curtos. Isto, alicerçado a personagens secundárias pouco complexas numa longa metragem, torna, de vez em quando, algumas situações um pouco forçadas.
Neste género é, ainda, difícil encontrar finais pouco previsíveis. A lógica “tudo bem, tudo mal, tudo bem” parece ser a predileta dentro da comédia, visto que o foco não costuma ser, propriamente, o argumento complexo. Porém, apesar da previsibilidade, é fácil ficarmos presos ao sofá da mesma forma, na expectativa de que tudo corra bem para a figura que tanto tem de mau que se torna obrigatório adorá-la.
Nenhum filme ou episódio da série Mr. Bean é propriamente complexo ou acrescenta alguma coisa à nossa vida a longo prazo. No entanto, é, talvez, o ex-libris do que eu gosto de chamar “filmes de domingo” (aqueles que nos fazem desligar a cabeça enquanto os vemos, mas que mais simples e fáceis de compreender não poderiam ser). Aconselho para dias de má disposição, o que é um ponto bastante positivo porque, ao contrário do que se espera, as comédias geralmente deixam-me maldisposta.
Título Original: Bean
Direção: Mel Smith
Argumento: Richard Curtis, Robin Driscoll
Elenco: Rowan Atkinson, Peter MacNicol, John Mills
Reino Unido | EUA
1997