A haste pública ocorre em fevereiro e vai ter o valor base de 3,6 milhões de euros. Apenas vão ser aceites propostas que prevejam transformar o edifício numa residência universitária.

O PS, CDU e BE defenderam que o edifício deveria continuar na esfera pública, mas mais de metade dos votos foram a favor da medida (42 de 71). Desta Assim, a Assembleia Municipal de Braga aprovou, esta sexta-feira, a venda da Fábrica Confiança.

Segundo o presidente da Câmara, Ricardo Rio, a haste pública vai ocorrer  em meados de fevereiro e vai ter como valor base os 3,6 milhões de euros. No entanto, não serão aceites propostas que não prevejam a transformação do edifício numa residência universitária, que poderá albergar cerca de 300 quartos.

Após os resultados da sessão revelados, elementos da Plataforma Salvar a Fábrica Confiança exibiram cartazes com as caras dos vereadores, da maioria PSD/CDS/PPM, com a palavra “vendido” em cada um deles. Uma forma de manifesto em relação aos os últimos acontecimentos.

Cláudia Sil, elemento da plataforma, afirma que a venda do edifício é “um erro histórico” e garante que a luta pela manutenção do edifício na esfera pública vai continuar. Além disso, alega que não está prevista a construção de residências universitárias, mas sim “apartamentos de luxo”.

O deputado do PS, Pedro Sousa, desafia a Câmara a promover um referendo sobre o futuro do edifício. Ricardo Rio retorquia: esse levantamento já foi feito nas últimas eleições autárquicas, onde o programa já previa a alienação da Confiança. O PSD, através de Joaquim Barbosa, recorda que a requalificação do imóvel tem já a “aprovação total” do Ministério da Cultura.

Contudo, o PS considera a venda um “excelente negócio”, uma vez que vai pagar à Câmara o valor investido em 2012 na compra do espaço. Referem também que o argumento da residência universitária é um “embuste”, sublinhando que trará oportunidades desiguais, graças aos preços proibitivos.

A deputada do CDU, Bárbara Barros, critica a alienação “do último reduto da memória industrial” da cidade.  “O que hoje aqui ficará claro, com esta votação, mais do que a venda da fábrica Confiança, é quem se vende e quem não se deixa comprar”, referiu ainda a deputada.

O Bloco de Esquerda afirmou ir até “onde for necessário” para manter a Confiança na esfera pública. Alexandra Vieira e António Lima referiram ainda que a venda “não resolve os problemas de tesouraria da Câmara Municipal, mas favorece os interesses privados. É um negócio da China para o comprador”.

Ainda assim, Ricardo Rio defendeu que a alienação do imóvel para a construção de uma residência universitária vai permitir a reabilitação do edifício, um custo que o Município não consegue assumir. Para além disso, reconheceu que a medida vai permitir a regeneração urbana daquela área da cidade e aliviará a carência de alojamento estudantil. “O que está em causa não é o uso, mas garantir que o edifício seja reabilitado e colocado ao serviço da comunidade para um qualquer fim”, referiu ainda o autarca.