A história de Harriet Tubman chegou ao grande ecrã em novembro, com Harriet. A interpretação comovente por parte da atriz Cynthia Erivo ajudou à expansão da trama, que lhe valeu duas nomeações nos Óscares.
Na produção de Kasi Lemmons, o público de 2019 recua a 1849 para perceber o drama do racismo nos Estados Unidos, e como esta mulher salvou a vida de muitos negros, abolindo a prática da escravatura. O filme biográfico tem como palco o estado de Maryland. A fé e a emoção de algumas cenas ajudam a que a mensagem seja passada mais facilmente. Muitos momentos em que as personagens choram e transmitem o amor umas pelas outras fazem entrar muitas vezes no cliché. Porém, isto faz parte na perceção da realidade daquele tempo.
Durante todo o filme, a atriz principal é colocada à prova. Os resgates e ajudas aos diferentes grupos para se libertarem das mãos dos opressores mostram a liderança e a coragem de Harriet. A interpretação de Cynthia Erivo é muito suportada tanto pelas escolhas musicais, como pela própria voz. Foi isto que valeu ao trabalho as indicações para as categorias de Melhor Atriz Principal e de Melhor Música.
Um dos maiores problemas da longa-metragem são os cortes e as mudanças repentinas de ação. De repente, estamos de dia e numa fuga e, quando passa para a noite e para as visões do passado da protagonista, perdemos o foco da ideia principal do filme. Por outro lado, também o guarda-roupa e as paisagens foram muito bem desenvolvidos e marcam bem a época explorada nas duas horas que passamos ao ecrã.
Todos sabemos que existem muitas produções sobre a temática da escravatura. Neste caso, os holofotes elevam a figura de Harriet, que não era muito conhecida fora do panorama americano. E é esse argumento que distingue esta trama das demais do mercado cinematográfico. Vale a pena ver, pela oportunidade de conhecer mais de uma heroína que solucionou um problema que parecia quase impossível.