O Lustre recebeu de braços abertos oito bandas em concertos organizadas por João Pereira para celebrar a noite dos Reis.

No passado sábado, dia 4 de janeiro, a discoteca bracarence acolheu Homem em Catarse, Mr Mojo, IVY, Clang, Ângela Polícia, Quadra, NO!ON e Bed Legs. Numa noite de rock em que Ferna, o homem que surge da plateia para os palcos, foi a alma da festa, celebrou-se a Festa da Epifania, onde todos os presentes foram reis por uma noite.

Não houve nem ouro, incenso ou mirra, mas Bed Legs foi o grupo que se destacou e “partiu a loiça” do antigo Populum. Apesar de agendada como última banda da noite, os artistas que estrearam o palco principal do Vodafone Paredes de Coura do ano passado, acabaram com o Palco Bazuuca com moshes e crowdsurfing do vocalista, Ferna. Antes visto como Ângela Polícia, mais cedo nessa noite, no Palco Letra, o cantor, apesar da versão rap apresentada, não mudou o carisma e o à vontade que já tem vindo a habituar o público que o segue.

Um Lustre com as luzes num ambiente que se assemelhavam a um crepúsculo receberam Homem em Catarse nas paredes de pedra que envolviam o Palco Letra. Afonso Dorido começou  a aventura, em que se encontra atualmente, acompanhado pela guitarra elétrica e os pedais. Assim se apresentou na noite dos Reis da Bazuuca para um concerto de 20 minutos com temas “que causam grandes escândalos em igrejas”.

Depois de estreado o palco que é iluminado por diversos candelabros a meia luz, foi a vez dos Mr. Mojo abrirem o Palco Bazuuca. Os artistas bracarenses acordaram o público que já os esperava com o rock que lhes é característico, pesado. Na expectativa de animar a plateia e entusiasmar para moshe, pediram aos espectadores, no início, para se aproximarem deles. “Expressão e anti-conformismo” é a melhor forma e como se auto-define este quarteto.

De vestido de veludo e cabelo esvoaçante, Rita Sampaio, com o projeto IVY, fez do Palco Letra pista de dança. O projeto individual, que tem vindo a concretizar, mostra-a num tom auto-biográfico, sombrio, catártico e íntimo. A vocalista dos Grandfather’s House começou o concerto de forma poderosa com os temas que a caracterizam, mudar rapidamente de um estilo mais calmo para mais tumultuoso. De voz potente, outrora doce, apresentou ao Lustre o bom rock eletrónico que se faz em Braga.

Num ritmo mais descontraído e experimental, Clang animou o Palco Bazuuca com o quarto concerto da noite. Num dos inúmeros projetos de PALAS, em Clang, vê-se o artista atrás de um teclado acompanhado por uma bateria e uma guitarra. Como penúltimo concerto do Palco Bazuuca, atuaram, também, os Quadra. Num registo mais calmo em comparação aos demais grupos convidados da noite, a banda de origem em Braga aproveitou para apresentar várias músicas novas ao público do Lustre. Chili foi o álbum lançado em abril do ano passado que acabou por ser tema de conversa principal durante o concerto dos Quadra.

A apresentação mais obscura e sombria da eletrónica dos NO!ON encerrou o Palco Letra. A bateria eletrónica, as mesas de mistura e a batida techno representaram particularidades importantes para a caracterização do ambiente de estilo industrial.

João Pereira, o homem por detrás da Bazuuca, disse à RUM que “a segunda edição do evento acontece devido ao sucesso da primeira edição”. O que se revelou ser também um facto na versão de 2020. O público foi chegando para os concertos durante o desenrolar do evento e o Lustre tornou-se paragem obrigatória na Noite de Reis.