A primeira temporada de Spinning Out estreou a 1 de janeiro. O drama que incide nos distúrbios mentais no mundo do desporto deixa algo a desejar nos primeiros episódios, mas acaba por compensar e ultrapassar expectativas. Com um ritmo ascendente, um elenco dedicado e uma história envolvente, a série americana quebra barreiras ao destruir tabus.

A produção acompanha a vida de Katarina Baker, uma patinadora com transtorno bipolar que tenta recuperar do stress pós-traumático após uma queda. Em adição, conhecemos a sua relação conturbada com a mãe, que possui a mesma doença, e a sua irmã mais nova, que segue os seus passos nas competições. Kat, como é apelidada, não pensa, no entanto, em desistir do seu sonho olímpico e vê uma nova oportunidade na patinagem de duplas.

Spinning Out

O trabalho árduo do elenco é visível desde o primeiro episódio, com a atividade atlética e o parco uso de duplos para as cenas de patinagem no ringue. De facto, todos os intérpretes tiveram treinos intensos meses antes do início das gravações, para minimizar a necessidade destes últimos, que apenas entram em cerca de três a cinco episódios.

As prestações de Kaya Scodelario (Kat Baker) e January Jones (Carol Baker) são especialmente louváveis no campo da representação. Ambas as atrizes levaram a cabo a tarefa de representar o transtorno bipolar de forma exímia. Conseguiram, assim, ilustrar os extremos da doença e como isso pode afetar a dinâmica familiar e as relações interpessoais. É de destacar também a performance de Amanda Zhou (Jenn Yu), que dá vida à leal e extrovertida melhor amiga de Kat. É ela quem tem de lidar com a pressão da família, enquanto esconde uma lesão que a impedirá de patinar para sempre.

Spinning Out destaca-se também pela cinematografia utilizada nos segmentos de patinagem artística. Esta, em combinação com a música, reflete melhor o trabalho dos atores e faz com que o espectador não os consiga distinguir dos seus respetivos duplos.

Spinning Out

A primeira metade da temporada mantém um ritmo mais lento, sem grande desenvolvimento de personagens e com algumas lacunas no guião. O espectador não sente imediatamente a compaixão que atinge para com os personagens mais tarde. Ao invés disso, fica confuso com certas ações, que não parecem traduzir a essência dos mesmos. Para além disso, várias cenas foram claramente introduzidas para adicionar valor cómico, mas acabam por parecer fora do seu lugar.

No entanto, a segunda parte larga essas cenas “forçadas” e adota um ritmo mais natural e orgânico. Desenvolve-se muito melhor o guião e as personalidades de cada personagem, que se tornam mais densas e permitem ao público uma maior compreensão das suas ações.

A trama intensifica-se com as consequências das ações dos protagonistas e torna-se caótica da melhor forma possível. Desta forma, a primeira temporada de Spinning Out termina com pontas presas e algumas soltas, o que deixa o público pacientemente à espera da próxima parte.