Dois anos depois de Antwerpen, a leiriense Surma voltou a estúdio para lançar o mais recente EP. O trabalho homónimo inclui quatro canções que chegaram aos ouvidos do público em novembro do ano passado, mas que não deixam enganar ninguém. Em poucos minutos, percebemos que a cantora se manteve fiel ao seu estilo.
Dando uma nova roupagem a temas antigos, os instrumentos e “jogos” de sons estão presentes do início ao fim. “Yellowing Ivories” começa com um certo chamamento para continuarmos a escutá-la. Transmite calma e melancolia aos ouvintes, e em todo o EP a sensação é semelhante. Descobrir e experimentar são as palavras de ordem das composições musicais aqui presentes.
“La Rimboud” tem um início que faz lembrar os sons africanos, com tambores e compassos de percussão misturados com influências de Rock. O baixo e a frase “I’m alive” são audíveis no decorrer de toda a canção.
“Wanna Be Basquiat” é a imagem de marca de Surma, em que a própria afirma Baquiat como a maior inspiração da cantora. A alegria e uma certa raiva ecoam ao ouvir este tema, com sons mais carregados de emoções é definitivamente o mais mexido e até é possível dar um passinho de dança.
A fechar, “Ingibjorg” deixa novamente no ar sons menos intensos, e a presença da voz da artista nos momentos certos dá vontade de consumir ainda mais. Os ditongos percetíveis na faixa por vezes retiram o foco na voz e na letra principal do tema. Pode estar para breve um lançamento de um novo álbum, mas já deu para preencher o vazio de uns anos sem as suas músicas e composições.
Não conhecendo o anterior trabalho da artista, o desafio de ouvir o seu mais recente trabalho colmatou essa falha. É definitivamente diferente do género que passa nos meus auscultadores, mas em novos trabalhos serei uma das ouvintes, e demonstra que existe talento português em todos os géneros musicais.