Frankenstein nasceu em pleno século XIX em função de uma aposta de Mary Shelley, autora da obra. O clássico faz qualquer leitor querer viver ou reviver a intemporalidade de uma personagem tão emblemática da ficção científica e do terror.

O livro apresenta ao leitor, na sua versão original, uma narrativa não muito diferente das adaptações a que o público em geral está habituado. Victor Frankenstein é um jovem estudante de medicina, oriundo de uma família de classe média. Apesar de o seu dia a dia ser aparentemente comum, a personagem principal tem um fascínio pela morte e pela vida, o que o leva a roubar cadáveres de hospitais e cemitérios, para posteriormente os trazer de volta à vida através da sua invenção.

A atmosfera da narrativa é descrita com inspiração no verão húmido e desagradável que a própria autora confirma ter servido de inspiração ao livro. “Este verão mostrou-se húmido e desagradável, e a chuva incessante obrigou-nos a ficar muitas vezes fechados em casa”, escreveu Mary Shelley, em 1831.

Mary Shelley

A estória centra-se essencialmente na perspetiva de Frankenstein. Contudo, existem muitos detalhes que vão para além da sua criação científica e que merecem ser destacados. Sobressaem pormenores complexos, como a ocorrência de dois assassinatos durante o decorrer da ação e as relações familiares entre as personagens, que acabam por ser exploradas. Os dramáticos acontecimentos que rodeiam a vida do protagonista são descritos pelo próprio como presságios do drama em que mais tarde estaria envolvido. O mais interessante acaba por ser, sem dúvida, as reflexões que o leitor faz ao ser confrontado com questões como a vida, a doença, ou a morte.

É relevante referir a riqueza descritiva da obra. Por um lado, acrescenta riqueza à narrativa, mas por outro, pode dificultar a envolvência do leitor. Este aspeto destaca-se especialmente na introdução do livro que, sendo muito longa, acaba por conferir alguma lentidão inicial no desenvolvimento.

É então possível inferir que Frankenstein é um livro obrigatório para qualquer leitor. Mary Shelley criou um marco fundamental na história da literatura, bem como da ficção científica. A sua obra merece ainda ser aclamada por abordar temas como o uso do conhecimento científico ou a criação de vida artificial. Um trabalho que vence o teste do tempo, com personagens interessantes e temas que ainda hoje inquietam a Humanidade.