O 14º e último álbum dos britânicos Queen chegou às prateleiras no dia 5 de fevereiro de 1991. Com o vocalista Freddie Mercury no final da luta contra a doença, as músicas contêm muito a temática do fim de algo, que se veio a concretizar.
As letras são tristes, mas algumas faixas trazem visíveis alguns dos temas mais emblemáticos da banda. A primeira música dá o nome à coletânea. “Innuendo” é considerada por muitos uma espécie de “Bohemian Rhapsody”, onde várias influências se misturam numa só música. O flamenco e os sons latinos ajudam a ritmar algo que parecia mórbido no início, mas que torna tudo mágico e uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos.
O Rock Psicadélico apresenta-se em “I’m Going Slightly Mad”, com o solo de Bryan May e de John Deacon a realçar a letra engraçada e ao mesmo tempo assustadora. A terceira faixa “Headlong” seria apenas um solo de guitarra, mas Mercury transformou-o numa composição completa com a letra que escreveu.
As teclas do piano ajudam “I Can’t Live With You”. Fala de um amor sufocante, onde o apaixonado só existe se o amor entre o casal existir, mas ao mesmo tempo não pode acontecer. Os falsetes imponentes de Freddie são perceptíveis em “Don’t Try So Hard”, uma música que pretende persuadir os seus ouvintes a aproveitar o dia e saborear todos os momentos.
O baterista Roger Taylor entra em cena na faixa “Ride The Wild World”, mostrando o amor que tem à velocidade e aos carros de corrida. Depois, quando passa a agulha para “All God’s People”, a banda continua com a temática de Carpe Diem, mas com um refrão dedicado à devoção a Deus, contando com um coro de vozes de todos os elementos da banda.
Num lado mais íntimo, “Delilah” é dedicada à gata do líder da banda, demonstrando o amor que Freddie sentia pelos felinos, a única companhia durante o processo de luta contra a doença. Em “Hitman”, a banda pisa novos terrenos. Toda a faixa usa tons Metal, mais pesados do que é habitual no repertório dos Queen. A letra demonstra a vontade de alguém querer tomar conta do corpo de outra pessoa para ser mais feliz, com alguma raiva à mistura.
“These Are The Days Of Our Lives” perdura como o último videoclipe e a última aparição de Freddie Mercury vivo. O tom dócil e triste ecoa da sua voz, e a frase “I still love you” deixa os ouvintes com uma boa imagem do vocalista, que nos continua a adorar.
Não, “Bijou” não é sobre um pão que comes ao pequeno almoço, mas sim o nome de mais um gato de Freddie, que se inspirou mais uma vez nos animais de estimação para criar uma música. A guitarra de Brian May rouba mais uma vez protagonismo da voz, algo bastante comum durante todo o álbum.
Apesar de não saberem, “The Show Must Go On” ficou marcada como o fim. É uma das composições mais conhecidas da banda, e foi a última gravação de sempre de Mercury, que mostrou até ao fim uma capacidade vocal brutal para alguém na sua condição.
Todo o álbum acarreta uma onda de mistério e sons diferentes da norma. No entanto, com as misturas de estilos, percebemos logo à partida que se trata dos Queen, sem que os predicados da banda sejam colocados de parte, nem na hora da despedida. Com isto, ficamos sempre com a mesma impressão do início ao fim da discografia de uma das bandas mais ouvidas em todo o mundo.