Profundo como o mar, “Madrepérola” flutua sobre um conjunto de músicas plenas de energia.

Na majestosa sala do Theatro Circo, Capicua fez uma visita guiada ao seu novo álbum, “Madrepérola”. Na passada noite de sexta-feira, dia 14 de fevereiro, a rapper portuguesa surgiu de forma descontraída, algo que contrastou com os assuntos da sua música.

Num cenário alusivo à policromia dos encantos subaquáticos, a luz, o brilho e as texturas refletiram o espírito energético que teria toda a atuação. Capicua fez-se acompanhar dos habituais músicos D-One, Virtus, Luís Montenegro e Sérgio Alves e adicionou ainda duas novas vozes, a de Inês Pereira e a de Joana Raquel.

A atitude forte de Capicua marcou todo o concerto. Passiflora abriu a atuação com uma melodia capaz de tocar na alma. A rapper caraterizou o tema como “uma espécie de fado em rap”.

Capicua contou também que o pai é de Braga e, por isso, considera-se um “bocadinho bracarense”. Inspirado nesse espírito nortenho e no medo de se perder a essência do Porto, interpretou o tema Circunvalação. A irreverência do ritmo, em conjunto com a letra marcante, enfatizou as particularidades da cidade, que não deixam ninguém indiferente.

“Há precisamente um ano estava na sala de parto”, confessou a rapper. O ser mãe, o ter uma barriga a crescer e todas essas emoções ligadas à maternidade fizeram-na compor Parto Sem Dor. Após um momento orgânico, a artista mostrou-se emocionada.

Madrepérola é a música que dá nome ao disco. Um ritmo deambulante e versátil preenchia a sala ao mesmo tempo que Capicua incentivava o público a “abanar a anca”. A plateia mexia-se timidamente. Via-se uns ligeiros abanos de cabeça até que algumas pessoas se levantaram e dançaram como se as preocupações quotidianas tivessem desaparecido.

Em noite de São Valentim, a canção Planetária foi dedicada a todos os apaixonados. No disco, Capicua é acompanhada por Mallu Magalhães. Assente no conceito de partilha, o álbum conta com vários convidados, tal como Camané e Karol Conka.

“Isto ainda agora começou”, rematou com a plateia a aplaudir de pé. Após uma falsa saída, voltou ao palco para recordar o passado. Sentada ao centro, cantou Casa no Campo e Maria Capaz.