O medo e a relação com ele foram os temas de discussão do café filosófico da Nova Acrópole.

Levar a filosofia à cidade e aplicá-la no quotidiano são alguns dos objetivos da Nova Acrópole. Para Henrique Cacheta, coordenador regional e responsável pela Nova Acrópole em Braga, para filosofar não “é preciso termos uma carreia na filosofia ou um curso. É para todos!”. O medo foi tema da 13ª edição do café filosófico, a iniciativa mais antiga da organização, realizado esta quarta-feira.

A filosofia continua a ser uma área em que existe uma grande resistência especialmente no público mais jovem. Para Cláudia Costa, membro da organização, a filosofia “continua a não ser um assunto de massas”. Contudo, acredita que “há uma vontade de descobrir a filosofia, de falar a filosofia”. A filosofia é o simples ato de “questionarmo-nos sobre as coisas”, acrescentou.

No que toca aos jovens, Henrique Cacheta está convicto que há que definir melhor o que é a filosofia. Para o coordenador, na escola o que ensina é a história da filosofia, ou seja, há uma exposição do que cada autor pensa e o estudante tem de decorar o que o professor quer que responda. Com esta atitude “perde-se o valor fundamental da filosofia como aprender a refletir, mas também aprender a olhar para si mesmo e ao fim encontrar respostas”, concluiu.

A iniciativa contou com participantes de várias faixas etárias. Foi a primeira vez para alguns como o caso das jovens Giovana Carvalho e Mara Gonçalves que consideraram o evento uma experiência fora do normal. “Normalmente vamos a conferências com um orador e simplesmente ouvimos e aqui estamos num espaço de partilha, de opiniões onde podemos abrir novas perspetivas”, afirmou Mara Gonçalves. Já outros são assíduos como o caso de Jacinta Correia que acredita que todos precisamos destes momentos de reflexão. “Na sociedade consumista e frenética em que estamos estes momentos são preciosos e raros”.

Organizados em pequenos grupos em redor de uma mesa, os participantes foram desafiados a debater o medo. A organização do evento orientou as reflexões com textos e ferramentas sobre o tema. O objetivo é que quem participa encontre as suas próprias respostas. O coordenador, Henrique Cacheta, acrescenta que se trata de uma filosofia aplicada à própria vida. “As pessoas podem relacionar-se melhor com os outros e compreender melhor o que se passa dentro de si.”

A Nova Acrópole nasceu na Argentina em 1957. No dia 20 de março celebra 7 anos em Braga. Todos que nela trabalham são voluntários. A organização oferece um curso de filosofia prática com duração de 4 a 5 meses, uma vez por semana em pós-laboral. Realiza também atividades para o exterior como o caso dos cafés filosóficos, do Ciclo de Documentários a decorrer na Casa dos Crivos, entre outros.