Mais de 120 elementos em palco na celebração do aniversário da partida de “Zeca” Afonso.
O Theatro Circo, em Braga, recebeu, no passado domingo, um tributo a José Afonso. O concerto, que encheu a sala de espetáculos, contou com a presença da Orquestra Filarmónica da cidade e de vários outros grupos e artistas que homenagearam a carreira do cantor.
Embaladas pelas palmas do público, “Ó minha amora madura”, “As sete mulheres do Minho” e “Canto Moço” foram os temas com os quais o grupo Canto D’Aqui abriu o concerto. O som de instrumentos, como o bandolim, a braguesa, o cavaquinho e a flauta transversal, rapidamente ecoou pela sala, deixando a plateia num autêntico frenesim. Difusor da música popular e tradicional portuguesa, este grupo, fundado em 1984, é também a associação cultural coorganizadora do festival Castro Galaico, em Braga.
“Ver este teatro tão cheio, tão reunido por boas causas, com tanta gente boa em palco, com tantas instituições e entidades que fazem a diferença mostra a vitalidade da cidade e mostra que continuamos ligados à essência da nossa língua e dos nossos valores”, referiu a vereadora da Cultura, Lídia Dias, antes do concerto prosseguir. Paulo Esperança, vice-presidente da Associação José Afonso, agradeceu também a todos os entidades culturais e municipais presentes na organização do concerto, com especial relevo ao grupo Canto D´Aqui. “Não deixem de dar o apoio que este grupo merece para continuar a fazerem o trabalho que tem feito”.
A cultura poética portuguesa presente no trabalho de “Zeca” Afonso voltou a ecoar pela sala do Theatro Circo quando o maestro da Orquestra Filarmónica de Braga, Filipe Cunha, reiniciou o concerto. Músicas como “Os Vampiros” e “Menino do Bairro Negro”, do álbum Baladas de Coimbra II de 1963, mostram a combinação dos sons originais com arranjos atuais que dão uma nova roupagem aos temas que marcaram uma época, mas que perduram até ao presente.
Desde cedo um símbolo de oposição, José Afonso escreve “Alípio de Freitas”, segundo o mote “não há tortura que o derrube”, prestando assim homenagem a um português exilado no Brasil que lutou pela liberdade. Quem a cantou foi Miguel Oliveira, mantendo viva a mensagem e a memória do seu autor. Dentro do mesmo assunto, Luís Veloso e Carlos Moutinho interpretaram “Adeus ó Serra da Lapa”, tema que fala do exílio por razões políticas.
Tocou-se ainda “Traz Outro Amigo Também” e um medley instrumental da autoria do maestro, Filipe Cunha, que inclui as músicas “Milho Verde”, “O Que Faz Falta” e “Chamaram-me Cigano”.
Na última parte do concerto, juntaram-se em palco o Coro de Pais do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian e o Orfeão de Barcelos, que contaram com as orquestrações de Filipe Cunha, interpretadas por Uxia e Janita Salomé. As músicas “A Alegria da Criação” e “Carta a José Afonso” entoaram pelo Theatro Circo num tom mais triste e melancólico do que o costume, uma vez que foram cantadas em homenagem a José Mário Branco, falecido no final de 2019.
O concerto terminou com uma série de agradecimentos, por parte dos apresentadores, a todas as entidades que colaboraram neste projeto e ainda aos colaboradores e a todos aqueles que estão por de trás do palco e que são essenciais para o bom funcionamento do espetáculo.
“A Formiga no Carreiro”, “Venha Mais Cinco” e a famosa “Grândola Vila Morena” foram os temas que finalizaram este tributo e que fizeram merecer aos artistas, uma ovação em pé por toda a plateia.
O concerto marcou o início da 6.ª Semana Cultural de Convergências Minho/Galiza, que continuará a decorrer durante toda a semana, no Theatro Circo.