Dia Mundial da Rádico celebra-se a 13 de fevereiro. Edição especial da Antena 1 decorreu na UMinho e deu voz à comunidade académica.

Dar voz à comunidade académica e debater o que a rádio perdeu e ganhou ao longo dos últimos anos foram alguns dos objetivos da emissão especial do programa Antena Aberta, em  direto do campus de Gualtar, que marcou o Dia Mundial da Rádio. A emissão do programa Antena Aberta foi uma iniciativa promovida pela Antena 1, pelo CECS e pelo Grupo de Trabalho de Rádio e Meios Sonoros da Sopcom.

A premissa manteve-se “um tema por cada dia, atual e relevante, analisado por especialistas e comentado pelos ouvintes da Rádio pública”. Neste caso, questionou-se o papel da rádio e do som no quotidiano, as suas capacidades de representação da diversidade- tema escolhido pela UNESCO para celebrar o dia neste ano – e as principais mudanças no mundo auditivo.

O auditório B2 do CP2 da academia minhota encheu-se de estudantes de Ciências da Comunicação em diferentes etapas da licenciatura. Com poucos lugares vazios, António Jorge desafiou os estudantes a partilharem a sua experiência com o som. Junto deles, a resposta mais comum foi a rádio como companhia, um aspeto que desenrolou a discussão em torno da mobilidade da rádio.

O docente Luís Santos referiu que o importante, independentemente do maior ou menor financiamento, é o que fazemos com o meio. “A rádio em Portugal poderia ser mais móvel. Está agora muito dentro dos estúdios”. O professor aproveitou então para recordar programas estrangeiros que ganham por trazerem o estúdio para a rua.

De qualquer das formas, não deixou de mencionar que a rádio “sofre com a chamada crise e isso tem repercussões muito grandes”. Recorda, tal como a professora Rosa Cabecinhas, a liberdade criativa das rádios piratas. “Não se pensava em dinheiro. Fazíamos a rádio que queríamos fazer”.

Durante a sessão, um dos participantes explicou que ouve a rádio porque esta está dotada da capacidade de contar histórias que envolvem. Além do mais, transmite informação atual e boa música. No entanto, Madalena Oliveira, docente da UMInho, afirmou que a rádio está cada vez mais padronizada, com playlists comerciais, referindo que é “possível fazer mais com este meio”.

Em torno das possibilidades, tanto tradicionais, tanto modernas do uso do som foram mencionadas a tendência crescente dos podcasts e o projeto Audire – Audio Repositório: guardar memórias sonoras. De acordo com a investigadora principal do projeto, Madalena Oliveira, a iniciativa procura formular uma Teoria do Som e promover o surgimento de um repositório de sons.

O repositório será usado com fins pedagógicos com o intuito de estimular a escuta ativa. Para além disso, procura-se que os sons possam ser usados por múltiplos cursos e cadeiras. A docente chega a questionar “porque não ouvimos a natureza para perceber a natureza.”

Rogério Santos, historiador da rádio e docente (reformado) de Media, Comunicação e História na Universidade Católica Portuguesa, foi um dos participantes da Antena Aberta. O historiador explorou a capacidade atual de se ouvir rádios em diferentes dispositivos que não uma frequência. Apontou essa possibilidade como uma das fragilidades de rádio atualmente.

Apesar de reconhecer a dificuldade em contornar a falta de investimento económico no meio radiofónico, Luís Santos referiu, em resumo, que aquilo que as pessoas procuram é uma rádio dinâmica. Algo concedível com, por exemplo, programas de autor, programas que criam ligações. Sendo assim, concluísse que “ao deixarmos as amarras da rádio abrimos novas oportunidades”.