O 2º Encontro de Ciberjornalismo Académico contou com a presença de representantes de diversos jornais académicos do país.
O ciberjornalismo académico no combate à desinformação e o jornalismo visto como negócio foram alguns dos temas debatidos durante o 2º Encontro de Ciberjornalismo Académico. A iniciativa realizou-se na Universidade da Beira Interior esta terça-feira e celebrou o 20º aniversário do Urbi et Orbi.
A mesa redonda “O ciberjornalismo académico no combate à desinformação” contou com a presença de Filipa Silva, editora do JPN, Paulo Pena, grande repórter do DN, Pedro Emauz Silva, diretor d’A Cabra, e Pedro Oliveira, diretor do ComUM. A conversa foi moderada por Anabela Gradim, diretora do Urbi et Orbi.
Atuar sobre desinformação falsa é uma tarefa difícil, contudo, segundo Filipa Silva, “os meios académicos podem atuar sobre a informação má”, os alunos devem ser formados de forma a “produzirem trabalho com rigor, sem deixar de abordar a informação falsa”. No entanto, Pedro Oliveira defende que um jornal académico desafia a aprofundar a informação. “Incentivar a procurar fontes e ir até ao terreno”.
Pedro Emauz Silva, diretor d’A Cabra, relembra uma das principais funções de um jornal académico: “temos oportunidade de errar e não nos dizem isso muitas vezes, e erramos muito, mas é importante”. É com essa deixa que se debate a dualidade do jornalismo académico: ensinar como se faz no mundo jornalístico atual ou dar tempo aos alunos para aprofundar cada notícia.
Pedro Oliveira relembra que “a pressa é inimiga da informação. Os meios académicos ajudam a mostrar que é preciso ter calma quando se recebe informação”. Já Filipa Silva sente-se dividida. Se, por um lado não quer “criar ET’s para chegarem às redações”, por outro admite que num jornal não há tempo para se confirmar tudo.
A visão do jornalismo como negócio foi, também, debatida. O diretor d’A Cabra alerta que “a partir do momento que se tenta dar a história que vende, isso tem consequências muito negativas para toda a sociedade”.
Paulo Pena, grande repórter do DN, admite não ter “muita esperança” na geração em que se insere, contudo acredita que a que vem aí pode reformular o jornalismo e não esquece o negócio da publicidade, ainda grande receita do jornalismo. “É preciso pensar no valor que a nossa privacidade tem, somos cada vez menos livres na vida social. O 24/7 resulta numa ansiedade informativa. Nos Estados Unidos os jornais são trincheiras de guerra”.
Para além da mesa redonda “O ciberjornalismo académico no combate à desinformação”, o encontro ficou marcado pelo workshop “Jornalismo Mobile”, de Fábio Giacomellie, e pela mesa redonda com a equipa fundadora do jornal Urbi et Orbi denominada “Urbi et Orbi: 20 anos da UBI para o mundo”.
Na celebração dos seus 20 anos, o Jornal Académico apresentou a sua nova identidade visual através da remodelação do seu site, que será lançado nas próximas semanas.