António da Cunha Telles celebra esta quarta-feira, dia 26 de fevereiro, o seu 85.º aniversário. Produtor, realizador, distribuidor e cineasta, é também uma personagem incontornável do cinema português.
António Alexandre Cohen da Cunha Telles, um dos fundadores do Cinema Novo português, nasceu no Funchal em 1935. Filho de um advogado e de uma dinamarquesa, iniciou os estudos de medicina na Universidade de Lisboa. Acabou, no entanto, por se dedicar ao cinema, algo que já lhe interessava desde os 15 anos. Foi nessa idade que começou a fazer filmes de 9,5mm que montava a olho na “banheira”.
Em 1956 instalou-se em Paris e estudou realização no Instituto de Estudos Avançados Cinematográficos (IDHEC). Ao regressar a Portugal, começou por dirigir o jornal Imagens de Portugal. Assumiu, ainda, funções diretivas nos Serviços de Cinema da Direção Geral do Ensino Primário.
Distinguiu-se como produtor, mas, no seu íntimo, considera-se mais realizador do que produtor. Marcou o cinema português e destacou-se como um dos criadores do Cinema Novo. Na década de 60, construiu a estrutura básica para que os novatos da sétima arte se pudessem lançar.
O Cinema Novo não nasceu de uma indústria já existente, mas sim a partir de uma nova geração que chegava ao cinema. António da Cunha Telles trabalhou como produtor com Paulo Rocha, colaboração que deu origem ao filme Verdes Anos (1963), onde só trabalharam novos profissionais. Trabalhou também com Fernando Lopes em Belarmino (1954) e António de Macedo em Domingo à Tarde (1966).
Apesar de tudo, os trabalhos que produziu não alcançaram o êxito comercial esperado. Isto levou o português a abandonar por um curto período a produção para se dedicar à realização. Neste ramo, destaca-se com O Cerco (1970). No entanto, realizou também Meus Amigos (1974), As Armas e o Povo (1975) e Continuar a Viver (1976).
Nos anos 70 fundou a sua distribuidora, que permitiu uma quase revolução no tipo de cinema apreciado em Portugal. Chegou, então, ao topo da administração do Instituto Português do Cinema e da Tobis Portuguesa.
Em 1983 voltou à produção, onde se mantém até aos dias de hoje, juntamente com a sua filha Pandora da Cunha Telles. Atualmente dedica-se a produções próprias e mais recentemente à realização de “Kiss Me” (2004). Os seus filmes são o reflexo da altura em que foram criados, o que revela que António da Cunha Telles é também um excelente observador do mundo ao seu redor.