Completam-se este domingo, dia 2 de fevereiro, dez anos desde a morte de Rosa Lobato Faria. A mulher do teatro, da escrita, dos poemas, contos, argumentos, guiões, canções e séries, que escapou do tão aclamado papel feminino da época e decidiu marcar Portugal com as suas habilidades.

Rosa Lobato de Faria nasceu a 20 de abril de 1932, em Lisboa. Dos 13 aos 17 anos estudou num colégio para filhas de militares. No seu tempo de universitária, traçou os seus estudos pela Filologia Germânica.

Rosa Lobato de Faria

Apenas aos 40 anos é que experimentou a arte do cinema, com o filme Perdido por Cem (1973). Deixou aí a vida de dona de casa. Em 1982, teve a sorte de representar na primeira novela portuguesa Vila Faia e em muitas mais obras cinematográficas portuguesas como: Paisagem sem Barcos (1983), Jogo de Mão (1984), O Vestido Cor de Fogo (1986), Aqui na Terra (1993), A Mulher que acreditava ser presidente dos Estados Unidos da América (2003).

Para além do impacto e do brilharete que fez, não só nos cinemas, teatros e televisões portuguesas, Rosa Lobato Faria escreveu várias letras de músicas que determinaram a cultura musical de Portugal. Entre as últimas destacam-se “Amor de Água Fresca” (Dina), “Chamar a Música” (Sara Tavares), “Baunilha e Chocolate” (Tó Cruz) e “Antes do Adeus” (Célia Lawson). Com estas músicas, interpretadas por outros artistas, conseguiu o primeiro lugar no Festival Eurovisão da Canção em 1992, 1994, 1995 e 1997, respetivamente.

A portuguesa também definiu a escrita no país. Em 1995, lançou o seu primeiro romance, Pranto de Lúcifer. Ao último seguiram-se de muitos outros: Os pássaros de Seda (1996), Romance de Cordélia (1998), O Prenúncio das Águas (199), com o qual ganhou o Prémio Máxima de Literatura em 2000, entre outros.

Rosa Lobato de Faria

Para além disto, a escritora ainda fez bailar as suas palavras por maravilhosos contos para crianças. Histórias de Muitas Cores (1987) e A Erva Milagrosa (2007) são os que mais se destacam. Como se não bastasse, explorou a poesia. Abordou o amor mais puro como o de Pedro e Inês e explorou o seu lado mais carnal. Publicou ainda Poemas Escolhidos e Dispersos (1997) e A Gaveta de Baixo (1999).

Como uma união uniforme entre a sua escrita e o cinema, também produziu argumentos de várias séries. São exemplos: Passerelle (1988), Telhados de Vidro (1994) e Tudo ao Molho e Fé em Deus (1995).

Ouso dizer que Rosa Lobato de Faria foi mulher de múltiplos ofícios, todos eles eleitos de mérito. Não se tornou especialista num único saber. Não se restringiu aos ecrãs e às audiências, marcou com os seus livros, foi acompanhada por multidões, exprimiu-se e não se deixou bastar. E como tal, “não morri/apenas me embriaguei/de luz e de silêncio”.