Uma mulher. Uma voz. Back to Black de Amy Winehouse foi lançado em 2006, mas as faixas continuam a ecoar em todo o mundo. O álbum profundamente inspirado na conturbada relação da artista é uma referência na música.

A imagem inspirada nos anos 60 não passa despercebida, mas era a música o maior dom da britânica. Dona de uma voz única e incomparável, Amy Winehouse carregava no seu registo muito mais que a raridade e irreverência do tom. Era e é verdade e Back to black espelha essa essência.

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Numa compilação ousada, a cantora conta-nos as mais íntimas e amargas histórias. A faixa que introduz o álbum é das músicas mais emblemáticas de Amy. “Rehab” entra com a intensa voz da cantora. Ritmo, presença, realismo, o tema tem tudo, talvez por isso se tenha convertido num verdadeiro hit musical.

Passando do Soul para o Blues, “You Know I’m No Good”, tema autobiográfico, carrega em si pessimismo. Acompanhado pela percussão, o tom da artista é tremendamente sedutor- a essência da sua arte.

Me And Mr Jones” leva-nos de volta à década de 60. O estilo mais virado para o Jazz, acompanhado por um coro feminino é, sem dúvida, o elemento chave da canção. “Just Friends” é um dos temas mais simples do projeto e, no entanto, um dos mais seguros. O timbre de Amy é capaz de transformar qualquer melodia em algo extraordinário e chamativo e esta é a prova.

Tal é o caso de “Back to Black”, música título do álbum. Há algo especial na faixa, a sobriedade no tom de Amy é arrepiante. Realmente era uma voz de outro mundo.

Love Is A Loosing Game” é uma das melhores baladas de Winehouse. O mérito está na voz despida de medos e vestida da verdade da artista britânica. Opõe-se a “Tears Dry On Their Own” pelo seu cariz mais melancólico. Ambas são composições estonteantes que nos deixam igualmente perdidos na sua melodia. Contudo, a segunda apresenta um ritmo mais dinâmico e é, liricamente, extraordinária.

Segue-se “Wake Up Alone”, uma mistura do clássico com o moderno que merece mais reconhecimento. A beleza reside, uma vez mais, na simplicidade do instrumental combinada com a arrojada voz de Amy.

O álbum é capaz de equilibrar totalmente todas as canções de um modo descontraído. É aí que habita, de certo modo, a sua coerência. Contudo, “Some Unholy War” deixa um pouco a desejar, na medida em que parece um tema feito de improviso. Não é completamente bem conseguido.

Num ritmo mais ágil, surge “He Can Only Hold Her” a colocar, novamente, o Jazz no caminho. “Addicted” trata o uso de drogas. Com vestígios dos anos 60, parece a faixa ideal para rematar o álbum.

Resta-nos a música. Back to Black é a inovação do moderno através de elementos vintage e o timbre de Amy Winehouse retrata precisamente tal atmosfera. É um álbum que inunda de emoção que comove qualquer um que se atreva a ouvir atentamente o que a cantora nos tem a contar. A combinação de vários estilos, a liberdade e a honestidade fazem deste um disco espetacular, hoje eternizado como um dos grandes trabalhos feitos na primeira década do século XXI.