Big Time Adolescence, realizado por Jason Orley, marca o início de um novo tipo de filmes de adolescentes. É uma narrativa realista e empática sobre o significado de se tornar adulto e deixar coisas para trás.

Ao contrário de outros filmes do mesmo gênero em que podemos pensar, como The Perks of Being a Wallflower ou Palo Alto, este distancia-se dos demais pela relação entre os dois protagonistas. Monroe (“Mo”), um estudante de 16 anos, e o ex-namorado da sua irmã mais velha, Zeke, apresentam uma relação dinâmica e disfuncional, que mantém o público agarrado ao desenvolvimento da sua história.

Big Time Adolescence

Mo conhece Zeke quando este começa a namorar com a sua irmã mais velha. Após o término do casal, o rapaz continua fascinado pelo adolescente sete anos mais velho que ele e pede para que continuem a passar tempo juntos. Seis anos depois Mo vê o seu melhor amigo em Zeke, a quem idolatra como um irmão mais velho. Já o último, com 23 anos e a saltar de emprego em emprego, sem qualquer perspetiva na vida, usa o mais novo para continuar a viver os seus áureos anos de liceu.

Pete Davidson faz Zeke brilhar. Com bastante naturalidade na sua prestação, faz com que o público nutra empatia pelo jovem adulto “falhado” e drogado que faz Mo descarrilar. O ator faz um excelente trabalho a proporcionar uma alma a uma personagem tão real. Griffin Gluck e Sydney Sweeney são outros dos nomes a destacar. Ambos os jovens atores dão uma interpretação sensível e subtil às suas personagens tornando-as pessoas reais, empáticas, com defeitos e qualidades.

O guião dá também um enorme contributo para passar uma imagem realística ao público. As falas são fluídas e, no geral, plausíveis de serem encontradas em qualquer pessoa daquela faixa etária. O elenco adaptou genialmente as falas do papel para a realidade, prestando atenção a pequenos detalhes como intervalos e sobreposições.

Big Time Adolescence

A cinematografia de Big Time Adolescence é algo que não se pode deixar escapar. O escritor e realizador Jason Orley prestou o devido cuidado a pormenores que enriquecem bastante a longa-metragem. Podemos reparar, por exemplo, que é nas cenas iniciais, escuras e caóticas que Zeke se destaca, mostrando o seu charme natural naquele ambiente. À medida que o tempo da narrativa passa e a maioria das cenas são passadas no exterior à luz do sol, o personagem vai perdendo a energia e a confiança que transmitia e a opinião de Mo sobre ele muda.

Para além disso, é de destacar também a cena final, em que Mo se afasta de Zeke de carro. Aqui, é possível interpretar que o distanciamento físico do rapaz é representativo da sua superação sobre o mais velho. Já o último fica parado a fumar enquanto Mo se afasta, mostrando que irá ficar no mesmo ponto da sua vida, instável e sem objetivos.

O final moroso e sem conclusão feliz de Big Time Adolescence é o que reflete a sua magia. Não existe lição de moral e os personagens são deixados a escolher o seu futuro. É realista e representativo da geração jovem da nossa sociedade que tem de tomar decisões difíceis a uma tenra idade. É uma narrativa melancólica que nos deixa com um sentimento de impotência, mas que merece ser vista.