Há várias estratégias para diminuir o stress e viver a quarentena com mais serenidade.
Ansiedade, depressão e medo, tanto em adultos como em crianças, são reações normais em casos de emergência pública como a atual. Porém, há formas de gerir o stress mesmo em tempos mais difíceis.
Em declarações ao ComUM, Raquel Queirós Pinto, psicóloga clínica e investigadora da Universidade do Minho, alerta que “hoje em dia é assumido na comunidade científica (e clínica) que a exposição a níveis elevados de stress pode desencadear um aumento significativo da atividade inflamatória.”
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tenta dar algumas dicas de como podemos lidar com o stress durante este surto, admitindo que é natural que, nesta fase, as pessoas se possam sentir “tristes, ansiosas, confusas, assustadas ou zangadas”. Por esse motivo, falar com pessoas do nosso círculo de confiança pode ajudar a reduzir algum do stress acumulado.
- Se tiver de ficar em casa, mantenha um estilo de vida saudável, uma dieta equilibrada, períodos de sono e descanso, exercício físico e contactos sociais com as pessoas mais próximas dentro de casa, assim como contactos por email, telefone ou redes sociais com outros amigos e familiares;
- Se se sentir muito angustiado, fale com um profissional de saúde, ligue para o SNS24 e siga as recomendações dadas;
- Procure ter uma visão crítica relativamente às informações que encontra e não se sobrecarregue com as mesmas;
Reduzir substancialmente a atividade física ou aumentar o comportamento sedentário pode ser prejudicial para a saúde, bem-estar e qualidade de vida, visto que está provado que o exercício físico desencadeia a diminuição de “químicos negativos no cérebro”. Assim, em situação de isolamento social profilático, a OMS recomenda que todos os adultos saudáveis realizem cerca de 30 minutos diários de atividade física de intensidade pelo menos moderada, que promova a aptidão cardiovascular e o reforço muscular.
Aos pais, ou educandos, compete serem mais compreensivos. “Penso em famílias e em pais: a mensagem é a mesma. Vale a pena não colocar urgência no que não é urgente, respeitar os ritmos individuais de cada um, não acrescentar stress ao que nos chega naturalmente e por todos os lados”, realça Raquel Pinto.
Informar os mais novos e apresentar factos sobre o que se está a passar também faz parte das recomendações da Organização Mundial de Saúde, algo que deve ser feito “com palavras adaptadas à idade”. Simultaneamente, algumas atividades lúdicas com as crianças podem ser pensadas para permitir a expressão física, nomeadamente:
- Jogos tradicionais;
- Jogo do elástico ou saltar à corda;
- Dança;
- Videojogos ativos;
“Até ao final disto, nem sempre conseguiremos olhar para o copo meio cheio. Nem sempre conseguiremos manter a serenidade. Mas o convite agora é fazer o melhor para quem depende de nós”, adverte a psicóloga.