The one and only vocalista de Paramore, Hayley Williams, dá agora cartadas na carreira a solo. O EP da artista conta com apenas 5 músicas. Orientadas pelas mudanças de humor, as composições transcendem o ordinário, sem nunca deixar dúvidas sobre a qualidade que possuem.

“Simmer” é a primeira música de Petals For Armor. A composição gira em torno da confrontação entre a raiva e a misericórdia, questionando-se sobre “how to draw the line between wrath and mercy”. Durante quatro minutos e 26 segundos, a artista tenta responder à questão.

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Primeiramente, Hayley Williams dá a entender que a necessidade de controlo de emoções corresponde apenas a uma obrigação social. Em seguida refere que a capacidade de dominação dos sentimentos se trata de processo intrapessoal e, acima de tudo, mental.

Apesar da artista ser americana, Hayley recorre à típica comparação utilizada na sociedade portuguesa. A substituição do nosso papel por um membro da nossa família, quer sejamos nós as vítimas, quer sejamos nós a ter o poder de decisão. Neste caso, Hayley refere que se fosse mãe nunca deixaria que fizessem mal ao seu filho.

A lírica transmite assim alguma angústia sobre uma decisão tomada pela progenitora da artista e permite concluir que há situações e situações, que momentos específicos condicionam o nosso comportamento. Para além disso, permite deduzir que nesses momentos específicos não há certo nem errado e que não há como manter o controlo.

Em “Leave It Alone” a artista decide brincar com o fogo. A religião é um tema sensível e, independentemente da nossa crença, não podemos deixar de concordar (nem que seja um bocadinho) com a visão de Hayley – “Don’t nobody tell me that God don’t have a sense of humor”. As justificações para esta premissa poderiam ser várias.

Hayley Williams apoia-se na morte, na morte de alguém que se ama. A artista refere que quem sabe o que é amar deve aprender, desde logo, a conseguir suportar a dor de perder esse mesmo alguém. Além do mais, afirma que a morte e o sentimento de perda são acontecimentos inevitáveis e extremamente dolorosos – “It tastes so bitter / The truth’s a killer / But I can’t leave it alone”.

O ritmo catchy e a própria escolha de denominação da terceira música do álbum, “Cinnamon”, traz algo de fresco. No entanto, trata-se de uma composição que deve ser escutada com mais atenção. Durante a composição, a artista faz quase que um resumo do seu dia-a-dia, explorando a solidão que sente e, ao mesmo tempo, a liberdade que isso lhe transmite.

Tendo em conta o background da artista e o nome escolhido para a quarta faixa de  Petals For Armor, “Creepin’”, os fãs de Hayley poderiam esperar uma música mais agressiva e longe do mainstream. Contudo, esta será a música do álbum mais próxima do convencional e, consequentemente, do mais popular.

“Creepin’” é introduzido por um acústico suave, acompanhado por uma versão ainda mais doce da voz da artista. No entanto, é logo aos 20 segundos que a música ganha um ritmo Pop. Fala-nos sobre um vampiro que tira energia e traz consigo más memórias. Desde logo, percebemos que se trata de uma metáfora para uma relação abusiva, na qual tempo é dedicado. No entanto, uma dedicação sem recompensas.

A quinta e última música do álbum, “Sudden Desire”, trata dos prazeres e das dores efémeros. Aparentemente, a artista retira prazer e dor de algo, um algo que já se tornou num vício difícil de evitar – “My kind companion / Soft stone / My gentle giant / Painful reminder”. Muitas são as metáforas que poderiam ser retiradas desta composição, desde o uso de drogas, a, novamente, um relacionamento pouco funcional.

O álbum movido por emoções resultou em 5 faixas construídas em torno dos mesmos assuntos – amor, dor e solidão. Apesar da conclusão sucinta e, aparentemente, depreciativa, a repetição temática é subtil e não levanta questões sobre a capacidade interpretativa da artista e da qualidade instrumental das diferentes composições.