I Am Not Okay With This estreou na Netflix a 26 de fevereiro. Com apenas sete episódios de sensivelmente 20 minutos cada, a série consegue dar-nos um misto de emoções intrigante. Do diretor de The End of The F***ing World” e dos produtores de Stranger Things, a produção consegue ir buscar o melhor, mas também o pior dos dois trabalhos.

Sydney Novak (Sophia Lillis) é a protagonista da série. São retratados os problemas habituais da adolescência: a puberdade, a descoberta da sexualidade, as drogas, a popularidade, as tramas familiares. Porém, acrescenta-se o relativamente recente suicídio do pai da protagonista e dos estranhos acontecimentos à volta desta quando se irrita.

I Am Not Okay With This

Em primeiro lugar, confesso estar desiludida com algumas séries que objetivam retratar jovens comuns do ensino secundário, mas que, claramente, não sabem o que eles são. Não há uma estratificação social acentuada com base no desporto, a popularidade não é um fator assim tão significativo na vida dos alunos, a orientação sexual de cada um muitas vezes não é motivo de tanto alarido, entre outras coisas.

Outra coisa que tornou I Am Not Okay With This um pouco pior foi a própria protagonista. A série padece de uma coisa à qual eu gosto de chamar “síndrome Twilight”. Isto consiste na tentativa exagerada de tornar uma personagem interessante ao conferir-lhe traços de personalidade irritantes, como o “não quero saber de nada” e o “não tenho sentimentos”. O que eu acabo por ver é uma rapariga irritante e desinteressante que trata mal quem gosta dela e bajula as piores personagens, o que a torna não relacionável.

Por outro lado, a salvar uma personagem desinteressante, temos outras bem construídas, como Stan (Wyatt Oleff) e o irmão de Syd, que dá vida a todas as cenas em que aparece. Apesar de não gostar da protagonista, a sua interpretação por parte de Sophia Lillis está bastante boa e a química e as relações entre as personagens chegam a ser interessantes.

I Am Not Okay With This

O que me atrai mais na série não é propriamente a intriga juvenil, mas sim a parte fantasiosa que, a meu ver, resultou muito bem e foi contada de forma interessante. A estória é narrada, em parte, à base de flashforwards, um formato que sempre me agradou.

No que concerne à realização, não tenho nada a apontar. Planos bem escolhidos, cores melancólicas, escolhas criativas e dramáticas e um toque vintage (muito presente na banda sonora), tornam as partes más esquecíveis. Ao alicerçar isto ao já habitual cliff-hanger de desfecho, confesso que fiquei curiosa para uma eventual segunda temporada.

Resumindo, a nível de personagens I Am Not Okay With This está longe de ser perfeita. Contudo, a boa escolha de elenco, as gravações e planos exímios e o toque fantástico, tornam-na interessante e proporcionadora de bom entretenimento.