“Obras como esta não podem simplesmente apodrecer”, diz Ricardo Salgado sobre as palavras de Rui.

No auditório da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva aconteceu, este sábado, dia 7, a apresentação de “Ser-se Num Campo de Flores”, um livro de Ricardo Salgado em honra à história de Rui Gesta. A sessão foi iniciada por Miguel Coimbra, coordenador do departamento de Filosofia e Arte da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática (APEFP), responsável pela edição e publicação.

A obra é inteiramente feita de poesias de Rui em diversos temas e momentos, mostrando a essência do homem que ele foi: apesar de simples, intenso e sensível. Nasceu a 10 de novembro de 1919, em Braga, e aos dez anos começou a trabalhar com o pai, tipógrafo de profissão. Ainda jovem, mudou-se para Paris em busca de trabalho, onde também encontrou o amor de Sofia. Além de conseguir cidadania francesa e de ter planos para se casar, no ano seguinte Rui listou-se ao exército e, dois anos mais tarde, a sua unidade de batalha sofreu uma captura. Depois deste incidente, a família não teve mais notícias dele, mas a história não acabou por aqui.

Rui desertou o exército e fugiu para Londres, local onde ficou até ao fim da guerra. Decidiu encontrar Sofia em Paris, mas este encontro nunca aconteceu. Desanimado, Rui começou as suas longas viagens pela Europa, muitas vezes a pé. Entre idas e vindas, ficou em Givet, na França, lugar escolhido para residir até ao fim de sua vida, a 20 de outubro de 2015.

Entre muitos acontecimentos no caminho, Rui Gesta teve uma grande amizade, Jorge Gomes, a quem deixou todos os seus pertences. Os novos herdeiros, ao verem que a herança era apenas uma enorme quantidade de papéis, acabaram por os deixar guardados.

Foi o neto de Jorge Gomes, Ricardo Salgado, que resolveu desvendar o conteúdo da papelada. Em 2019, é iniciado o processo de transcrição e edição do livro, que agora está a venda para eternizar as poesias de Rui Gesta.