“Passo a passo para um futuro de escolhas” foi o tema escolhido para as II Jornadas de Educação Básica.

O Instituto de Educação recebeu, nos dias 4 e 5 de março, a segunda edição das jornadas de Educação Básica. Umas jornadas que ficaram marcadas por formações, rodas de conversa e workshops. Uma iniciativa organizada pelo Núcleo de Estudantes de Educação Básica da UMinho (NEEBUM).

O primeiro dia das jornadas contou com um debate sobre o tema “Uma nova perspetiva de ensino: polémica ou futuro?”. Mediado por Mariana Monteiro, este debate contou com a participação de Miguel Lopes, professor, e José Carvalho, do Centro de Investigação de Educação.

Numa lógica de debate onde o público era também convidado a participar, surgiu a questão do “excesso de horas” passado pelas crianças nas escolas. Miguel Lopes defendeu que o mais importante “do ponto de vista pedagógico”, é “a forma como esse tempo é passado”. No entanto, não vê necessidade em alterar “os horários”, até porque “só criaria outras orgânicas fora da escola que vão absorver as crianças, não tão bem como a escola”.

A aparente desvalorização “das expressões” na matriz curricular dos alunos do primeiro ciclo foi alvo de reflexões durante o debate. “Esta matriz decorre da incapacidade de os professores estabelecerem uma união” entre conteúdos programáticos, afirmou José Carvalho.

Admitiu, ainda, a necessidade de reconhecer a realidade do ensino básico como “multifacetada” e alicerçada por áreas distintas mas “conjugadas de forma integral” de forma a criar “um contexto favorável ao desenvolvimento integral do aluno”. A par disto, Miguel Lopes falou, posteriormente, da necessidade do professor promover a “inter e a transdisciplinaridade” do conhecimento.

As plataformas digitais foram também mencionadas neste debate por duas razões: o impacto positivo do uso dos meios digitais no “apoio ao estudo” e, por outro lado, a promoção da “viciação das crianças”. José Carvalho acredita nas “potencialidades” da tecnologia que deve ser encarada “enquanto um meio e nunca um fim”. Miguel Lopes acrescentou que este potencial é frequentemente “desperdiçado porque os professores não tiveram” a devida “formação para usar a tecnologia”.

“A fonte de saber já não reside naquele que ocupa o estrado” explicou Miguel Lopes, terminando com uma chamada de atenção: que os professores não sejam “meros aplicadores de manuais escolares em papel ou em PDF’s”.