A mais recente obra de Terrence Malick chegou aos cinemas portugueses a 16 de janeiro. Uma Vida Escondida retrata a história de um homem que viveu num duelo interior contra a sua própria consciência.

O facto de ter noção das consequências dos seus atos atormenta Franz Jägerstätter (August Diehl), que se vê incapaz de praticar algo que vai contra os seus princípios. Nascido e criado em Sankt Radegund, na Áustria, o camponês é casado com “Fani” (Valerie Pachner), com quem tem três filhas. Todos vivem felizes até ao início da Segunda Guerra Mundial, quando Franz é chamado para o treino básico, enviado para casa e, mais tarde, convocado para lutar. Um dos primeiros requisitos é prestar um juramento de fidelidade a Hitler, algo que o protagonista considera moralmente impossível.

Uma Vida Escondida

O filme acompanha a jornada verídica de Franz Jägerstätter que, durante a ditadura Nazi, se revoltou contra os métodos do Governo e se recusou lutar. O homem cai assim numa montanha russa de tortura e privação. Consciente das consequências, luta até ao fim pelos seus princípios.

O heroísmo do protagonista não se define pelas suas ações, mas pelo que decide não fazer. As suas convicções cristãs fazem-no sentir responsável pelo seu papel na terra e por isso sente-se incapaz de lutar por uma causa injusta. Franz é interpretado por August Diehl, que assume a pele de um homem que, consciente do que lhe pode acontecer, é movido pela sua fé e decide enfrentar o sistema.

Entre cartas lidas que acompanham toda a ação, Uma Vida Escondida é uma história extremamente visual, repleta de planos incríveis que, por si só, nos dizem mais do que as escassas palavras. Falam-nos de filosofias sobre o sentido da existência, de ética e sobre o que é o bem e o mal. Também é de elogiar a banda sonora que acompanha minuciosamente toda a ação.

Uma Vida Escondida

Pouco ficamos a conhecer sobre as personagens, graças ao pouco diálogo. Porém, conseguimos compreender o que sentem e o que lhes vai no pensamento. O elenco consegue transmitir visualmente o que as palavras viriam a substituir. Por exemplo, não é preciso Fani dizer nada a Franz, ambos comunicam por um simples olhar.

A história poderia ser mais desenvolvida, afinal são quase três horas de filme. Falta-lhe um pouco de desenvolvimento da ação. Contudo, por ser uma narrativa extremamente visual, compensa pela sua capacidade de expressar perfeitamente o amor, o medo e o sentimento de impotência e de perda.

Uma Vida Escondida é, no fundo, uma história que nos ensina a lutar pelo que acreditamos. Consegue educar-nos e inspirar-nos para nunca termos medo e não deixar que nada nos impeça de sermos sempre melhores.