O realizador Eli Roth e o produtor Quentin Tarantino abriram-nos as portas, em 2005, ao filme Hostel. O que ergue este trabalho são pilares banhados de sangue, tijolos compostos por vísceras e cimento de alguma confusão.

“Viemos até à Europa só para fumar uns charros?”, pergunta Josh (Derek Richardson) a Paxton (Jay Hernandez) e Oli (Eythor Gudjonsson). É desta forma que começa o filme. Eu posso responder à pergunta: não. Vieram à Europa para festas, para sexo e para explorar um paraíso que de paraíso não tinha nada.

Hostel

Os três amigos americanos são verdadeiros epicuristas e extrovertidos. Porém, Josh é ligeiramente mais calmo. Atraídos pela promessa de mulheres magníficas, vão para a Eslováquia e hospedam-se num albergue cheio de raparigas desinibidas. Como o que é bom acaba depressa, o primeiro a desaparecer sem deixar rasto é o “rei da cambalhota” (só percebem a referência se virem o filme). O que parece ser uma comédia de adolescente torna-se então um subgénero do terror, “Gore”, onde o medo é substituído por repulsa e os espíritos por sangue.

Nuas. Sem roupa. Mamas e mais mamas. Um dos panoramas recorrentes é o corpo feminino. As “meninas da vida” transformam o grupo de americanos em prostitutos de sádicos. Para além disso, as calças de cintura baixa que usam acusam o ano em que tudo se passa.

Longe dos turistas e da aura cinematográfica, vemos uma Eslováquia completamente arruaceira e misteriosa. De copo e cigarro na mão, cheia de aborrecimento. Jovem em idade, porém velha em cor. Um cenário bem escolhido.

Hostel

Os nossos olhos são por vezes levemente e outras bruscamente conduzidos pelo percurso das personalidades. A banda sonora surge nos momentos de pânico, exatamente para vincar esse sentimento.

Asqueroso e repulsivo. É assim Hostel. Admito que este filme não era para mim, o meu olhar passou com imensa facilidade do ecrã da televisão para o do telemóvel. Não me cativou. Gosto de peças com mensagens fortes e esta simplesmente não a tem. Não sinto que se tire mais nenhum ensinamento sem ser não falar com estranhos.