O boletim epidemiológico passa a ser unicamente divulgado pela Direção-Geral de Saúde.

O Ministério da Saúde proibiu esta sexta-feira os delegados de saúde pública municipais de divulgar o boletim epidemiológico diário da covid-19. Os dados restringem-se agora apenas aos divulgados pela DGS. Várias Câmaras Municipais demonstraram já o deu desagrado em relação à medida.

Apesar da proibição destacada, muitas autarquias asseguram não prescindir do seu “direito de informar”. A primeira é a Câmara Municipal de Espinho, que registava na sexta-feira à noite mais nove casos confirmados do que o boletim da DGS. O presidente da autarquia manifesta-se “frontalmente contra” a decisão “impensável” do Governo. Assume que a mesma constitui “um obstáculo à tomada de decisão e capacidade de antecipação de medidas de contingência como as que têm vindo a ser atempadamente implementadas, muitas delas ainda antes de indicações oficiais por parte das autoridades de saúde”.

As autarquias de Aveiro e de Boticas revelam o mesmo sentimento de revolta contra a proibição. A primeira assegura que os dados da Direção-Geral são “altamente discrepantes” e muito menos atualizados do que os dos municípios. A última acusa o Ministério da Saúde de “fugir à verdade” e “manipular” os números que apresenta aos portugueses.

Às últimas junta-se ainda a Câmara de Valpaços, que revela, com um “enorme sentido de revolta”, que nem sempre o relatório da DGS retrata com rigor e veracidade o número de infetados. A autarquia de Ovar impõe-se e continua a revelar os seus dados nas redes sociais. Por outro lado, as câmaras de Montalegre e Chaves, lamentam o “caminho da censura”, mas já revelaram em comunicado que vão deixar de divulgar o boletim epidemiológico local. A primeira admite ainda tratar-se de uma “decisão de âmbito nacional”, pelo que passa a apresentar apenas os dados da Direção-Geral de Saúde.