Na passada sexta-feira, dia 27 de março, Dua Lipa lançou o segundo álbum de estúdio, Future Nostalgia, ao qual é impossível ficar indiferente. A cantora traz ao público um projeto repleto de poder feminino no qual canta abertamente sobre sexo, descontentamento perante a desigualdade de género e amor-próprio, marcando uma forte posição sobre aquilo que defende sem temer as críticas.
Estava inicialmente previsto que o álbum fosse lançado na semana seguinte, mas depois de muita ponderação, a artista britânica acaba por deixar que os fãs o ouçam mais cedo. Argumenta que em épocas como a que vivemos é exatamente de música que precisamos e acrescenta que o objetivo é permitir que o público dance durante o período de isolamento, provocando felicidade e diversão no meio do caos.
“Future Nostalgia”, música que dá nome ao álbum, é também a primeira a aparecer. Dua deixa claro desde o início que veio para revolucionar a indústria Pop quando canta “I wanna change the game” e “I know you ain’t used to a female alpha”.
Segue-se “Don’t Start Now”, tema já por muitos conhecido, visto ser uma das faixas promocionais, que já conta com mais de 600 milhões de reproduções no Spotify. O tema fala sobre o processo de separação mas sempre com uma postura forte e positiva, acompanhada por um ritmo que faz querer dançar.
“Cool”, por outro lado, exprime amor mas sem que Dua Lipa perca a confiança. De facto, aproveita a oportunidade para se enaltecer a si mesma assegurando ao alvo do seu afeto “I’ll show you heaven (…) I’ll give it to you”.
“Physical” atinge um novo nível de perfeição Pop. Se a cantora insinuou que o propósito do seu novo projeto musical era fazer os fãs dançar, esta faixa assim o garante. A batida faz com que seja impossível ficar parado e a música parece ter sido composta com o intuito de ser passada em discotecas e festas de verão, o que certamente acontecerá. Dua diz a quem ouve “Keep on dancing like you ain’t got a choice”.
Surge de seguida “Levitating”, que pressupõe uma mensagem mais romântica mas sempre complementada de um ritmo animado e adequado a que se dance. Em “Pretty Please” a voz da cantora é acompanhada por um baixo e a melodia é mais descontraída, com um toque de sensualidade. Com “Hallucinate”, o ouvinte é trazido de volta à pista de dança para se mover com a música que faz lembrar Lady Gaga.
“Love again” afasta-se um pouco do trabalho analisado até ao momento, não deixando de se encaixar de maneira sofisticada e sublime na mensagem que todo o álbum visa passar. Numa nota mais pessoal, Dua Lipa conta que se voltou a apaixonar, ao contrário do que acreditava ser possível. É aqui que finalmente se revela a nostalgia mencionada no título do álbum, quando se ouve: “I never knew I had it in me to dance anymore but goddamn you got me in love again”.
“Break My Heart” faz já furor, trazendo consigo um videoclipe de carácter sensual. Dua dança acompanhada de outros dançarinos naquele que tem potencial para vir a ser o Pop hit dos próximos tempos, relembrando “New Rules”, música de grande sucesso do álbum anterior da artista.
“Good In Bed”, apesar de deixar a desejar em comparação com as outras faixas, realça o quão confortável a cantora se sente a falar de temas vistos por muitos como tabu, neste caso, sexo. Para finalizar, “Boys Will Be Boys”, encerra o álbum de maneira perfeita. A letra é acompanhada por uma orquestra e, a certo ponto, um coro e a jovem de 24 anos provoca ao criticar a sociedade e o modo como mulheres constantemente sentem medo de homens.
Tendo o álbum chegado ao fim, não há como negar a rendição a Dua Lipa e à mensagem que a sua voz passa. A artista é de facto o momento e mostra ser merecedora de todo o tipo de elogios. E aos ouvintes resta agradecer que haja ainda, nesta geração, quem esteja disposto a cantar de modo tão marcante sobre temas como o amor, a injustiça e a auto-aceitação. E é exatamente isso que faz Future Nostalgia.
Artista: Dua Lipa
Álbum: Future Nostalgia
Editora: Warner Records UK
Data de lançamento: 27 de março de 2020