Eu Ainda Acredito estreou a 26 de março em Portugal. Baseado na vida do músico Jeremy Camp, conta a história de dois jovens que rapidamente se apaixonam e rapidamente são confrontados com a morte. Uma obra que comove mesmo os menos crentes, onde estrelas, música e fé são os ingredientes especiais.

Jeremy e Melissa conhecem-se no primeiro dia de universidade e a conexão é imediata. Uns meses depois, a rapariga descobre que tem cancro. Afirmando o seu amor, na saúde e na doença, o casal deposita a sua fé em Deus para enfrentar esta jornada. Ao mesmo tempo que as suas crenças religiosas são reforçadas, Jeremy vê a sua carreira na música a ascender.

Eu Ainda Acredito

A escolha de K.J. Apa (Jeremy) e Britt Robertson (Melissa) para protagonistas foi bastante acertada. O primeiro tem o carisma necessário para representar um apaixonado, brincalhão, mas também maturo rapaz de 20 anos. Já a atriz é a perfeita personificação de uma aura brilhante e crente como a sua personagem. A química entre os dois atores é notável, tal como o conforto e confiança que depositaram um no outro.

A excelência da cinematografia valoriza muito o filme. Eu Ainda Acredito está repleto de ângulos e planos diferentes, como travellings, que conferem movimento e dinâmica. Sendo esta uma produção dentro do género de romance e drama, ou seja, com uma inclinação para momentos pouco rítmicos, são estes pormenores que a tornam mais rica. Os cenários e o uso da luz são aspetos também muito bem trabalhados.

Se a longa-metragem tivesse de ser traduzida em cores, seria no azul e no amarelo, as mesmas que pintam Melissa. O filme inicia com azuis e amarelos bem pigmentados. Já a meio, estas cores começam a esmorecer, até ao ponto em que um azul acinzentado consome quase completamente a tela, deixando espaço apenas para um pequeno ponto de luz. Porém, no final, as duas cores voltam a renascer. Este degradê acompanha a história do casal e permite-nos envolver ainda mais no drama.

Eu Ainda Acredito

Tal como referido anteriormente, esta é uma história sobre estrelas, as quais são traduzidas em pessoas: “nós pintamos com pincéis, Ele pinta com biliões de estrelas e triliões de galáxias”,“sou só uma estrela numa infinita galáxia”, “algumas estrelas brilham mais do que outras” e “as estrelas que brilham mais são aquelas com as vidas mais curtas”. Desta forma, a obra leva-nos, metaforicamente, numa viagem intergalática que nos faz refletir sobre a relação do universo com os seres humanos.

A música é um elemento presente durante todo o filme e retrata de forma perfeita, especialmente o título que lhe deu nome, a relação dos protagonistas com Deus. A banda sonora é composta por canções religiosas cristãs, uma vez que é o género musical do cantor Jeremy Camp, envolvendo-se assim coerentemente com o guião.

Uma produção baseada numa história real, que cativa desde o início pela pureza do romance e que comove antes sequer de chegar a meio. Eu Ainda Acredito faz qualquer um refletir sobre a morte e a forma como a fé, quer seja religiosa ou não, e o amor conseguem transformar o pior dos momentos em esperança e paz.