For Sama, nomeado para Melhor Documentário de Longa-Metragem nos Óscares de 2020, apresenta a vida de Waad Al-Kateab como ativista na Síria, bem como as complicações e instabilidade que essa vida traz. Tudo se envolve, mais tarde, com o nascimento da sua filha, Sama.

O documentário é forte visivelmente. Não esconde a realidade dura e crua vivida pela população da Síria, conseguindo ser complicado ver até ao final. No entanto, isto não é um defeito, uma vez que sempre foi esse o objetivo da longa-metragem. Esse objetivo foi, portanto, atingido de forma perfeita.

For Sama

A câmara está sempre em movimento, uma vez que as únicas imagens demonstradas são de Waad Al-Kateab ou de canais televisivos do país. Por estar sempre em movimento, tem o benefício de conseguir captar o sentimento de todos os locais em que se encontram. Embora consiga ser desinteressante visualmente, devido a essa simplicidade, é um defeito que não se destaca na visualização.

A montagem e edição são boas, mas nada de espetacular. É possível ficarmos perdidos na ordem dos acontecimentos até ao meio do filme. As transições são bem conseguidas e a edição fez um bom trabalho em dar um sentimento mais “vivo” a um cenário praticamente cinzento. É uma pena isto não ter sido acompanhado por uma melhor construção da montagem.

For Sama

Em For Sama, o título diz tudo. É para a Sama, a filha da realizadora, que nasceu num tempo de ataques à cidade onde vivem. Para destacar isto, o filme coloca-nos no local, faz-nos ver como as pessoas mudam, bem como a dor sentida quando alguém falece, que a este ponto é algo quotidiano.

For Sama é chocante e frio, mas não deixa de mostrar os lados calorosos e de pura empatia entre uma comunidade que não quer render-se. Penso que é de referência para todos aqueles que querem perceber melhor a situação vivida todos os dias em diversos locais do Médio Oriente, bem como para quem precisa de um “abanão” para perceber que a guerra nunca muda.