A 23 de março, estreou na Netflix uma das séries mais requisitadas pelo público: Freud, dedicada ao famoso neurologista. A produção é composta por oito episódios de uma hora cada e tem Viena como palco principal. Envolvido na língua alemã, o espectador depara-se com uma versão jovem do pai da psicanálise, que luta pela mudança da psiquiatria e o modo como são vistas as perturbações mentais.
Ao contrário do que poderia ser de esperar, Freud não assume um carácter realista ou biográfico. Marvin Kren, produtor, escritor e realizador, opta por seguir um rumo completamente oposto. O protagonista acaba envolvido numa corrente de homicídios que tenta resolver, o que relembra a famosa série Sherlock (2010- ). É assim que o psiquiatra se torna estrela de um policial que chega a roçar o terror.
Para quem não está familiarizado com o trabalho de Freud, a série pode ser confusa e difícil de acompanhar, devido à constante mistura daquilo que é e não é verídico. Por outro lado, quem já estudou as obras freudianas pode ficar desiludido pela falta de justiça que a produção da Netflix lhes presta.
Os produtores do conteúdo classificam-no como inadequado para menores de 16 anos e facilmente se percebe o porquê. As cenas de violência explícita são constantes, o ambiente é pesado, os tons são geralmente cinzentos e salienta-se também o uso regular de substâncias ilícitas.
Relativamente aos figurinos, a qualidade é sólida e prova ser adequada à época. A caracterização das personagens é realizada sem defeitos e os cenários apresentados rapidamente transportam quem os vê para dentro da história. A banda sonora é igualmente bem executada, complementando principalmente os momentos de grande suspense e tensão.
É de sublinhar a performance de Ella Rumpf, atriz que dá vida a Fleur no ecrã, uma paciente de Freud com uma mente complexa. A personagem desenvolve-se de modo extraordinário ao longo dos episódios e a intérprete prova ser brilhante, ao jogar com a voz e o corpo de modo a exteriorizar a doença de da mulher.
Freud certamente foge àquilo com que a maioria contava e rompe com o modo como o pai da psicanálise é visto. Distingue-se assim de todos os outros trabalhos já feitos sobre o famoso austríaco, acrescentando suspense e horror ao trabalho do psicanalista.