O fenómeno mundial do gangue do macacão vermelho e da máscara de Dali voltou em força esta sexta-feira, dia 3 de abril. Mais do que um ato de resistência, a nova temporada de La Casa de Papel é uma questão de defesa e o roubo ao Banco da Espanha parece estar longe de terminar.

O novo desafio do grupo de ladrões é ainda mais complexo e a possibilidade de fuga mais escassa. A intensidade da ação, a tensão e o suspense trazem os nervos à flor da pele. O caos instala-se e além de enfrentarem os conflitos interpessoais, os personagens precisam de lidar com um inimigo interno implacável: Gandía (José Manuel Poga), chefe de segurança do banco.

La Casa de Papel

“Nada de relações pessoais” sempre foi o mote do Professor mais famoso da Netflix. Porém, são precisamente os relacionamentos que mantêm o enredo da série tão vivo e vivido. É a parte humana dos assaltantes que convence e surpreende o público. Para além disso, a parte quatro traz à tona assuntos como machismo, violação e transexualidade em fortes diálogos que não deixam ninguém indiferente.

A nova temporada de La Casa de Papel é uma das mais emocionantes em termos de reviravoltas. Mais unidos do que nunca, personagens como Tokio (Úrsula Corberó), Nairóbi (Alba Flores), Denver (Jaime Lorente), Helsinki (DarkoPeric) e Estocolmo (Esther Acebo) amadureceram exponencialmente. Destaca-se especialmente Tokio que, ao afastar-se da trama amorosa com Río (Miguel Herrán), coloca os caprichos de lado e cresce como personagem.

A excentricidade de Palermo (Rodrigo de La Serna) também é um ponto forte no desenvolvimento da trama. É uma das personagens mais interessantes, o seu temperamento garante reviravoltas importantíssimas e a sua faceta ora calculista, ora emotiva entrega uma boa dose de imprevisibilidade ao enredo. A inspetora Sierra (Najwa Nimri) volta mais voraz do que nunca e é uma adversária à altura do génio do Professor (Álvaro Morte). Também a alternância entre diferentes momentos cronológicos ao longo dos episódios dá ao público a oportunidade de conhecer novas facetas das personagens e encontrar-se com antigas, como é o caso de Berlín (Pedro Alonso).

La Casa de Papel

Os diálogos em voz-off de Tokio conferem uma extrema carga emotiva e de proximidade, a par da banda sonora. Temas como “Bella Ciao”, “Ti Amo” ou “Cuando Suba la Marea” não passam despercebidos e fazem a trama entranhar-se e comover o espectador.

Visualmente, a série da Netflix tem uma imagem marcante. É explosiva, um canhão de cor e luz e dona de uma fotografia capaz de cortar a respiração. São estes os traços que a tornam reconhecível em qualquer parte do mundo, sem importar o idioma.

A maior qualidade da produção é, sem dúvida, a forte imagem dos protagonistas e as pontas soltas que são deixadas de episódio para episódio, que trazem uma sede insaciável por mais. O resultado só pode ser um: um público viciado e uma maratona garantida.

De um modo geral, La Casa de Papel mantém-se fiel à sua essência, embora predomine a sensação de que foram deixadas ainda mais perguntas. Voltou mais violenta e agitada, mas sem perder a sua fórmula irreverente. Sabendo balançar momentos mais tensos com outros de humor, o que vemos na parte quatro é a tentativa de os assaltantes manterem a muralha intacta por fora, embora se desmorone por dentro. No final, fica a dúvida de se terá a inspetora Sierra dado o xeque-mate final.