A Netflix lançou, a 20 de março, a minissérie The English Game. Apesar de conter apenas seis episódios, uma das mais recentes apostas do serviço streaming transmite ao espectador vários ensinamentos sobre os primeiros passos da história do futebol. No entanto, engana-se quem pensa que esse é o único propósito da trama.

O guião é baseado numa história verídica. Nos primeiros minutos, o contexto histórico apresenta-nos um desporto que era praticado pelas classes mais altas que acabaram por fundar a associação de futebol inglês (FA). Ao mesmo tempo, é visível em alguns cortes o modo de vida no final do século XIX, coincidente com a revolução industrial.

The English Game

Um pormenor com que a produção se preocupou bastante foi o dos cenários e guarda-roupa. Ao olhar para a tela, viajamos até aquela época e aí mergulhamos, mesmo sem ter vivido nenhum dos momentos lá representados. As discrepâncias entre os mais ricos e os operários são representadas de forma exemplar.

A ponte entre os dois mundos estabelece-se na FA Cup, a prova de futebol mais antiga a nível internacional. A rivalidade entre os Old Etonians, a classe social alta, e Darwen, a equipa dos operários, desencadeia uma onda de revolta na cidade, que se estende às quatro linhas, devido a problemas de diminuição de salários dos patrões aos funcionários das fábricas.

The English Game

As personagens principais, Luke Kinnaird, Fergus Sutter e Jimmy Love, são brilhantemente reproduzidas e ajudam à boa compreensão do contexto da época. Os combates e as diferenças sociais transformam um drama histórico numa prova de que o desporto rei continua a unir pessoas de diferentes classes.

The English Game é sem dúvida uma série que recomendo, mesmo que não apreciem futebol. Apesar dos momentos em que se fala com alguma profundidade das táticas e de um vocabulário muito direcionado a amantes do tema, existe muito além disso. No final, acaba por ser uma boa lição de vida.