O Primeiro-Ministro admite que o ritmo sob o qual a economia vai reabrir vai depender do comportamento dos portugueses.

Na próxima semana, Portugal vai transitar do Estado de Emergência para o Estado de Calamidade, num momento em que o Primeiro-Ministro não considera justificável permanecer nesta situação. “Nesta fase não se justificaria renovar mais uma vez o estado de emergência.” António Costa comentou o futuro de Portugal numa entrevista à RTP, esta quinta-feira. Enfatiza que não há uma liberdade total pois “o vírus está aqui e vai continuar aqui”.

De acordo com António Costa, isto não implica um regresso à normalidade. A normalidade que se vivia em fevereiro, “essa não a vamos ter”, afirma. Esse regresso não será possível enquanto “não houver uma vacina ou um tratamento” e é “muito improvável ter uma vacina em menos de um ano, ano e meio” disponível no mercado.

“Nós estabelecemos agora um calendário, que é um do que julgamos ser possível ir abrindo progressiva e gradualmente, ao longo do próximo mês”. Com este calendário, pretende-se reduzir as medidas restritivas e, por sua vez, reabrir a economia. De 15 em 15 dias vão reavaliar o impacto das medidas tomadas, analisar se existem condições para evoluir e “dar o passo seguinte para a quinzena seguinte”, explicou António Costa.

“O ritmo depende por um lado do nosso comportamento: se as pessoas assumirem que o fim do estado de emergência significa ‘saia de casa’, então tudo está estragado”, elucida. “De cada vez que nós eliminamos uma restrição, é evidente que o risco de contaminação aumenta. Portanto o que é fundamental sabermos é que esse risco existe e que maior liberdade significa maior responsabilidade”.

A evolução e o ritmo de crescimento da pandemia desde o dia 2 de março são os “dados que se tem tido em conta para medir a situação de risco e para tomarmos medidas”. Juntamente com a evolução do número de internados nos cuidados intensivos e o número de pacientes que se estão a tratar em casa.

Com o Estado de Calamidade, as máscaras vão ser usadas nos “transportes públicos, nas escolas, comércios e espaços fechados onde esteja muita gente”. Para completar estas medidas vão ser passadas coimas a pessoas que não usar proteção facial nos transportes. Visto que nestes espaços “é difícil haver as normas de afastamento físico necessárias”, justifica António Costa. O comércio vai ter novos horários de abertura, também.

O PM assume que a gestão das presenças nas praias vai ser “um dos problemas difíceis a resolver”. “Para ir à praia é preciso termos as cautelas necessárias que temos quando estamos noutros espaços” e “antecipamos difícil gestão”.

Os ginásios vão estar fechados até junho. Nos funerais, o governo considerou que não deveriam limitar o número de familiares. Em relação aos festivais, António Costa considera que há uma “enorme probabilidade de que estes não se realizem”. No futebol não haverá público presencial nos estádios” e a segunda liga foi cancelada: “o futebol foi limitado à primeira liga”.

Face ao impacto da pandemia na economia do país e à utilização de recursos para apoiar empresas, o Primeiro-Ministro frisa que “o esforço maior é combater a pandemia e aguentar viva a economia”. Para tal, crê no esforço dos portugueses: “acredito que os portugueses salvem Portugal”.