Depois do álbum de 2018, Isak Danielson arrebate Broken com “Remember to Remember Me” e “Silence”, deste novo álbum. Remember to Remember Me estreou-se em abril e com este Isak Danielson dá mais um passo em direção a uma pureza única. O álbum reveste-se de um perfume amargo e aflitivo e preenche-se com movimentos arrepiantes e sedutores.

As músicas são nuas de limitações: quando menos esperamos lá está o violino, a segunda voz e o tão aclamado ritmo. Ouve-se e ouve-se. Por vezes, a música é tão direta ao ponto que nos atinge num nervo que nem sabíamos existir. Ficamos, assim, numa intragável inconstância: ou chorar a pés juntos ou assumir a liberdade da pronunciação do sentimento.

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As 11 faixas dançam ao som do afeto, do fracasso e da expectativa. O álbum inicia-se pojante e faz-nos, de imediato, venerar uma arte inatingível. No entanto, à medida que este se desenrola o ouvinte quer-se retirar porque a opulência dissipa-se nas últimas faixas.

A ação de Remember to Remember Me começa a extinguir-se e, como tal, conseguimos marcar uma linha que separa as músicas com que queremos ficar e aquelas que se podem perder na memória. Sem tardar cortamos as últimas quatro, circulamos a vermelho vivo e espalhamos purpurinas nas primeiras três – “Religion”, “Remember to Remember Me” e “Silence” para ter, possuir e idolatrar.

Ao contrário do que é habitual, neste álbum a faixa que lhe confere o nome é a segunda. Em contraste com o que é frequente, Remember to Remember Me é mais arrojado e levemente energético. E neste, ainda, sobressai o uso de segundas vozes que eram antes obsoletas.

“Religion” e “Remember to Remember Me” possuem um compasso que caracteriza o álbum: calmo, mas impulsionador. Porém, para corromper este ritmo, que se torna específico, surge “Silence”, “I Don’t Need Your Love” e “Domino” e salvaguardam uma diferença vivida – um toque de disputa, rapidez e entusiasmo.

As restantes músicas assentam num género mais harmonioso e compassivo. “Part of Me”, “Light Up” e “Love Me Wrong” são as que se destacam neste mar de calmaria, pois cada uma apresenta elementos muito peculiares. A primeira apresenta um início esplendido realizado com a guitarra. As seguintes são marcadas pelo piano: “Light Up” acrescenta a este uma batida elegante e em “Love Me Wrong” sobressai, também o violino e a segunda voz.

Se dermos uma oportunidade ao restante trabalho, a meio de “Last Song”, somos surpreendidos com a sincronia entre as duas vozes que convergem num solo impactante. E, como tal, até nos esquecemos das músicas que acabam por danificar levemente o álbum.

Remember to Remember Me para os desolados só traz mais desolação e para os de coração cheio, o álbum preenche-nos de descobertas e afirmações. É um trabalho forte e decifrável que será difícil de esquecer.