Noah Cyrus é muitas vezes reconhecida como a irmã da Miley Cyrus. Apesar de isso ser difícil e desmotivá-la em relação à carreira, talento não falta à mais nova dos Cyrus. The End Of Everything é a prova disso. O segundo EP da cantora contém oito músicas em que fala de experiências pessoais, depressão e família de uma forma melodiosa e simplista.

A primeira é “Ghost”, uma música melancólica, própria do estilo da artista. O “fantasma” de que fala pode ser tanto ela própria como alguém que apenas existe e não sente, ou então uma pessoa importante que tenha falecido ou desaparecido que continua a ver em diversos momentos.

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O meio onde nasceu, influenciado pelo estilo Country do pai Billy Ray Cyrus, ganha força em “I Got So High That I Saw Jesus”. Fala de questões como a fé, as alterações climáticas, e de como o mundo está a morrer lentamente.

A sensação que transmite é, mesmo assim, de esperança, como se muita coisa fosse ainda mudar. A palavra high (pedrada) pode não referir-se somente às drogas, mas também a alturas menos boas. Para Noah Cyrus, fé é sempre uma forma de ganhar força e motivação.

Em “Liar”, uma das melhores, a cantora mostra as suas capacidades vocais. O tema é um pouco triste, pois é sobre alguém a quem Cyrus mentiu. Está num ponto onde já se apercebeu daquilo que fez e sente-se arrependida por isso, admitindo que quebrou uma promessa e um coração.

A seguir surge uma ainda melhor. “Lonely” é daquelas músicas que dão arrepios. A letra escrita pela cantora aborda a depressão, mais precisamente aqueles dias em que levantar-se da cama por si só causa um extremo cansaço. Fala de outros aspetos como sentir que não é reconhecida pela música que faz e sentir que ninguém a aprecia.

A depressão é uma doença que não se combate sozinha e que afeta o desempenho profissional de Noah Cyrus. Contudo, este álbum é a prova de que é perfeitamente capaz de produzir música excecional.

Como que a dar continuidade à anterior, “Young & Sad” começa com a voz do pai, Billy Ray Cyrus a tentar animá-la. Existe um ponto de viragem, pois não se sente bem com a sua condição, então mostra vontade de mudar. É uma música simplista e agradável de ouvir em que as influências Country permanecem.

O single “July” foi lançado precisamente em julho do ano passado. É sobre uma relação tóxica, em que o parceiro da cantora era alcoólico e não lhe fazia companhia. Havia traição e vários maus momentos, contudo, Noah Cyrus não conseguia libertar-se dessa relação e deixar de se sentir atraída. Musicalmente é muito parecida com a faixa anterior, tocada quase só com guitarra acústica.

A penúltima chama-se “Wonder Years”, uma colaboração com Ant Clemons. Tem uma inspiração no Jazz com apontamentos de Trap. É única e muito diferente das anteriores a nível de produção.

A parte que mais intriga é que se inicia com um carro a ligar e termina com uma travagem repentina simulando um acidente. Isto deve-se ao tema da música ser o abuso de substâncias como o álcool. Mesmo assim, o conteúdo lírico não foi devidamente explorado e é um pouco repetitivo.

A última faixa tem o nome do álbum, “The End Of Everything”. O fim do mundo é um tema peculiar para música.

Noah Cyrus conta como tudo um dia vai ser sugado por um buraco negro, assim como também tudo que amamos e nos magoou vai desaparecer. Este facto tanto nos pode deixar tristes como com vontade de viver e aproveitar as coisas que não duram para sempre. Canta este tema de uma forma melodiosa e embaladora, o que concede uma certa calma e consciência daquilo que poderá vir a ser o nosso futuro.

Ao fim de ouvir o novo EP de Noah Cyrus, entramos numa fase de introspeção. No fundo, nada vai durar e tudo, incluindo o Universo, vai ter o mesmo fim. A mais nova dos Cyrus mostrou ser bastante talentosa e capaz de cantar sobre temas sérios e preocupantes a nível global. No pequeno conjunto de oito faixas, há músicas excecionais, mas numa visão geral são cantadas no mesmo tom melancólico, o que faz crescer uma vontade de ouvir estilos diferentes vindos da jovem cantora.