O diretor do festival, João Carvalho, explica que a alternativa surge principalmente pelas preocupações económicas de quem depende financeiramente do evento.
Em consequência da atual pandemia de covid-19, o Governo anunciou, esta quarta-feira, que a realização de festivais de música e de espetáculos similares está proibida em Portugal até 30 de setembro. Posto isto, a organização do Festival Paredes de Coura admitiu, esta quinta-feira, realizar o evento no inverno, caso estejam reunidas as condições de segurança definidas pelas autoridades de saúde.
“Queremos fazer algo por Paredes de Coura. Eu gostaria, se o Governo e as autoridades de saúde o permitirem, de fazer algo no inverno. Se for possível, porque nem pensar pôr em risco alguém”, declarou o diretor do festival, João Carvalho.
Segundo o responsável, nestes dois meses não houve tempo para parar nem ser criativo. Todavia, o “plano B” para a realização do festival tem vindo a ser falado ao longo destes dois meses, que pareceram “10 anos”.
O objetivo, explicou João Carvalho, é celebrar o festival, mas também ajudar o comércio, os artistas e todas as estruturas que dependem financeiramente do espetáculo. O mesmo relembrou que há dezenas de trabalhadores e empresas que dependem dos grandes festivais cuja realização está agora proibida, acrescentando que “o ano do comércio courense já dependia e muito do festival”.
Sobre o anúncio do Governo, afirma: “Como pessoas responsáveis que somos, vamos respeitar. Mas é uma tristeza. O Paredes de Coura é um festival que se faz sem interrupções há 27 anos, a nossa vida já se confunde com a vida do festival”.
Apesar de expectável, esta decisão desencadeia vários prejuízos que, no caso de festival de Paredes de Coura, ainda não foram avaliados. “Isto tem acontecido muito rápido. Sabemos que são prejuízos avultados. Não estão avaliados, mas obviamente que serão muitos porque não vamos poder trabalhar. Nós estamos parados”, enfatizou João Carvalho que espera agora medidas de apoio ao setor.
De acordo com João Carvalho, houve já uma reunião com os ministros da Economia, da Cultura e com o primeiro-ministro, António Costa, “que se mostrou muito esclarecido em relação às dificuldades do setor”. “Esperamos medidas, sejam elas quais forem. Temos agora de continuar esse diálogo, esse trabalho, por forma a minorar este problema de dimensão gigante”, finalizou.
De mencionar que, no comunicado, o Governo refere que para os espetáculos entre 28 de fevereiro e 30 de setembro de 2020 que não se realizem devido à pandemia, está prevista “a emissão de um vale de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores”
A edição de 2020 do Festival Paredes de Coura, marcada para os dias 19, 20, 21 e 22 de agosto, foi adiada para 2021, à semelhança do Vilar de Mouros e do festival Neopop, que se realizam no Alto Minho.