A RTP e a Ficcion Producciones colocaram mãos à obra para criar a mais recente série de ficção portuguesa. A 8 de abril, estreou A Espia, uma minissérie com contornos históricos, que viaja até 1941, altura em que a Europa e o mundo viviam a II Guerra Mundial. Com um elenco de luxo, a produção vai encantando os espectadores.

Mais ao pormenor, a trama pretende demonstrar o jogo de interesses que os portugueses tinham perante as tropas dos Aliados e as do Eixo. O facto de o país luso ser assumidamente neutro na Segunda Grande Guerra não quer dizer que o jogo de bastidores não era intenso.

A Espia

Deste modo, A Espia demonstra que, em Portugal, existiam algumas empresas de espionagem. Neste caso, a retratada tem o nome de Shell e conta com grande ajuda dos ingleses, que têm a intenção de perceber todos os passos dos rivais alemães. Além das negociações, a trama também se foca nos amores e amizades proibidas no processo.

Quanto a pormenores mais técnicos, a mini-série surpreende pela excelente fotografia, cenários e guarda-roupa. É impossível ver e não ficar fascinado pelo minucioso trabalho de pesquisa e exatidão perante a época retratada. A ajuda do elenco encabeçado pelo regresso de Daniela Ruah à televisão nacional é fundamental para a boa execução do argumento original.

A Espia

Apesar de tudo, existem algumas falhas que prejudicam a qualidade da produção. O som, que foi queixa de muitos telespectadores, deixa a desejar. No entanto, a forma como a história se desenrola, com muitos momentos inesperados, torna o enredo fácil de interpretar e adequado para quase todas as idades.

No final, percebemos que os oito episódios poderiam ser muitos mais. A Espia trouxe uma nova abordagem à ficção portuguesa e pode, muito brevemente, seguir os passos de Auga Seca e Vidago Palace, transferindo-se da televisão portuguesa para as plataformas de streaming. Produções destas quebram estereótipos e carimbam o facto de que o que é nacional pode ser mesmo bom.