Cleo Sol lançou, no passado dia 27 de março, o primeiro álbum de estúdio intitulado Rose in the Dark. A artista inglesa mostrou ao mundo a mossa que um nome forasteiro pode fazer no meio artístico do R&B e do Soul.
Rose in the Dark veio ao meu encontro na forma mais aleatória, mas a verdade é que, por vezes, é aquilo que não procuramos que acaba por ser o melhor. Este projeto expressa a singularidade e a veracidade na voz e nas letras compostas pela artista. Se até hoje Cleo Sol não fazia parte da minha lista de artistas talentosos, agora é indiscutivelmente uma das que mais se destaca.
“Why Don’t You”, segunda faixa do álbum, relembra Jorja Smith. Não só na voz, mas também nas batidas e melodias escolhidas para desenvolver a música. Um piano cujas notas se impõem em partes cruciais da batida, que mais tarde são acompanhadas pelo som de uma flauta. Na letra, somos introduzidos aos conselhos de Cleo Sol a alguém que centra a energia de maneira obsessiva nos outros. Esta faixa funciona na perfeição, transportando-nos para um ambiente calmo e reflexivo.
“Rose in the Dark”, quinta faixa que dá título do álbum, é uma análise introspetiva. Cleo Sol conta a sua própria história quando descodifica o processo de crescimento pessoal. Como uma rosa que floresce no escuro, Sol superou-se em condições adversas e fortaleceu. Nos versos “Then the light came/Right after I forgave me”, é notável que esta música é a expressão de uma jornada turbulenta e repleta do sentimento intrínseco de culpa. E como quem fala para uma criança, Cleo Sol escreve “tell my younger self to enjoy the ride”. As preocupações são pesos, por vezes, desnecessários.
Uma outra música que se destacou foi “Sideways”. A voz límpida de Cleo Sol, as harmonias e a batida misturada com o piano conquistam a atenção. Numa letra onde a artista reconhece o seu próprio talento e abraça a sua singularidade, enquanto promete a alguém que ama que juntos nada correrá mal. No teste que é o dia-a-dia, Sol não tenciona sair do lado desta pessoa, pois o que eles têm é demasiado verdadeiro para ser destruído.
Rose in The Dark é constituído por onze faixas. A artista trouxe os sons crus dos instrumentos, a gentileza da sua voz e as harmonias combinadas na perfeição. Conseguiu, acima de tudo, combinar a versão contemporânea com a essência do estilo veterano. R&B é um estilo demasiado lato para lhe atribuir um só traço, mas quando bem explorado num projeto é facilmente identificado.
Com este álbum, Cleo Sol não fez só a sua entrada em grande no mundo do Soul e do R&B. Também fez justiça a um género que, cada vez mais, é generalizado.
Com as suas raízes e influências no mundo do Jazz, a artista tinha o caminho bem traçado. Assim como Jorja Smith conquistou a atenção de muitos com a sua voz única, Cleo Sol constrói um trajeto em direção à grandeza da indústria. Isto, claro, se o trabalho for reconhecido pela sua autenticidade e qualidade, e não pela estimativa de vendas no mercado.
Artista: Cleo Sol
Álbum: Rose in the Dark
Editora: Forever Living Originals
Data de lançamento: 27 de março de 2020
Março 8, 2023
Cleo Sol também é ouvida no Brasil! Conheci o seu trabalho em 2019. Estava em busca de informações mais completas sobre as músicas da artista e esse site veio em boa hora. Grata!