A Universidade do Minho privilegia o ensino à distância desde o dia 10 de março. Com esta decisão, não foi apenas a qualidade e tipo de ensino que foi afetado, mas as experiências dos jovens enquanto estudantes e, consequentemente, como finalistas.

Os estudantes da Universidade do Minho têm o seu semestre prolongado até ao próximo dia 27 de junho, seguido pela época de recurso. Aquilo que é certo é que parte dos 19.632 alunos da Universidade do Minho finalizam a sua licenciatura em tempo de pandemia, não tendo acesso aos festejos habituais nem à normal decorrência do ensino, o que faz com que a sua vivência enquanto finalistas tenha sido alterada devido à Covid-19.

A aluna Flávia Pereira, do terceiro ano da Licenciatura de Matemática da Universidade do Minho, não se sente finalista. “Este ano, pelo menos, está a ser um ano como os outros: estamos a estudar para passar para um próximo ano. Não há aquele sentimento de finalista”, afirma. A estudante admite que a ideia de ser finalista foi completamente alterada. “Imaginava-me a ser finalista, a fazer uma festa, a estar com os meus amigos, tirar fotos, recordar e ir às festas a que tinha direito. Agora ser finalista é um vazio porque não há nenhuma mudança na rotina por causa disso. A única coisa é: acabou uma etapa, vou começar outra, mas não há nenhum ritual de passagem”, relata Flávia.

O aluno Luís Dias, do quinto ano do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica, não sente que a sua educação tenha sido comprometida com o fecho da Universidade, visto que já se encontrava a realizar a tese de mestrado em casa. No entanto, o estudante sente-se “prejudicado por não ter tido a chance de viver muitos dos momentos marcantes da vida de um finalista, como a imposição de insígnias ou o cortejo”, algo que lamenta. Porém, Luís sente que a atual situação não o “impede de fechar devidamente este ciclo” da sua vida.

O aluno reconhece ser difícil dizer que se sente finalista. “Por um lado, obviamente, sinto que a nível académico o meu percurso está praticamente concluído, sinto que estou pronto para novos desafios profissionais”, refere. Ao mesmo tempo, o estudante de Engenharia Mecânica acredita que não se despede adequadamente da vida universitária. “Sinto que falta algo: falta aquele verdadeiro adeus á vida do estudante universitário, as celebrações com todas as pessoas que me acompanharam ao longo dos anos e isso deixa-me sentir incompleto como finalista”, explica Luís Dias.

O jovem estudante espera poder vir a realizar futuramente as celebrações que tinha idealizado. “Sinto-me realizado como estudante universitário e, apesar de tudo, tenho a esperança de que em algum ponto no futuro será possível celebrar devidamente este fechar do ciclo e o ser finalista”, refere.

Neste momento, a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) espera diretrizes daquilo que se pode vir ou não a realizar, em função daquilo que a pandemia permite. A AAUM considera que os festejos dedicados aos estudantes devem ser realizados de forma presencial. Como tal, não estão, para já, a pensar como adaptar estas atividades ao formato digital. “Ainda assim, caso as condições sanitárias de saúde pública impossibilitem a realização destas atividades num modelo presencial no próximo ano letivo, teremos naturalmente de pensar a melhor forma de as concretizar”, declara Rui Oliveira.

O presidente da AAUM reconhece que os finalistas vão entrar numa fase muito complicada no mercado de trabalho e admite que estes terão de ser, mais do que nunca, persistentes. Rui Oliveira afirma que os finalistas têm de ser “capazes de perceber que, na prática, não são finalistas e que terão sempre de continuar a sua formação e educação, porque o fim do seu percurso académico é o início da jornada de formação contínua”. O representante da AAUM crescenta que “cabe-lhes a eles a capacidade de levar longe o nome da UMinho, sendo uma responsabilidade, pois agora, no fim deste ciclo, tornam-se embaixadores desta casa, a Academia Minhota”.

O futuro do ensino universitário encontra-se dependente do vírus. Com ele, encontram-se também as vidas de docentes, estudantes e futuros finalistas, que viram as celebrações a que têm direito serem canceladas.