As atividades presenciais encontram-se suspensas nos campi da academia minhota desde o dia 10 de março.

A Universidade do Minho teve que se moldar rapidamente ao método de ensino à distância no início de março para que as aulas pudessem prosseguir sem grandes pausas. Em conversa com o ComUM, alunos e docentes deram os seus testemunhos sobre esta nova realidade.

O período letivo foi alargado até 27 de junho, a época de exames de recurso vai ter lugar até 18 de julho e os livros de termos da época normal vão ser preenchidos até 30 de julho.

De acordo com Rui Vieira de Castro, 50% das unidades curriculares da Universidade do Minho funcionam através do ensino à distância. Para o reitor, a atitude dos que compõem o corpo da instituição revela “um elevado grau de maturidade da universidade” e reforça o papel da UMinho como “instituição de referência”. Mas será que os alunos e os docentes têm a mesma opinião?

Em declarações ao ComUM, Margarida Correia, aluna do 2º ano do Mestrado Integrado em Engenharia Eletrónica Industrial e de Computadores, conta a sua experiência. Alguns professores “fizeram testes online, mas com microfone ou câmara ligados para ver o aluno, com o qual estou totalmente de acordo. Porém, na eventualidade de um aluno tentar copiar, eles encurtam o teste em medidas extremas, não deixando o aluno ter tempo e raciocínio.”

“No meu caso tenho bastantes componentes práticas, algumas que abdicaram de laboratórios. Nessas aulas estamos por turnos com um professor, onde semanalmente vamos mostrando o nosso trabalho, onde ele nos faz perguntas sobre a matéria em questão, o nosso trabalho, e espera o nosso feedback”, conta Margarida. “É uma medida bastante simples e eficaz para ter perceção do estado de “à vontade ” de um aluno para com o que têm vindo ser lecionados”, acrescenta.

Por sua vez, Bruno Fernandes, aluno do 1º ano do Mestrado em Educação – Formação, Trabalho e Recursos Humanos, admite que existem dois lados da moeda. “Se por uma se tem assistido a um esforço por parte de alguns professores em adequar a avaliação ao método de ensino à distância, através da facilitação do processo de avaliação, de um maior acompanhamento e troca de e-mails constante”, existem também docentes “que ao invés de ajustar a avaliação, aumentaram a carga de trabalhos, o que provoca algum desconforto, dado que esta situação não aconteceria caso estivéssemos em aulas presenciais.”, admite o aluno.

Na opinião de Ana Rita Lopes, aluna do 1º ano da licenciatura em Gestão, “no geral, todos se adaptaram bem a isto das aulas e avaliações online, havendo sempre desde o início um esforço de ambas as partes para que isto corra bem e funcione”. No entanto, confessa que “podia estar a correr melhor, pois as notas parecem que não correspondem ao meu estudo e ao meu esforço, o que me deixa frustrada e desanimada”.

Do lado dos docentes, Daniel Brandão, professor auxiliar no departamento de Ciências da Comunicação do Instituto de Ciências Sociais (ICS), afirma que a grande diferença entre o ensino presencial e o online é aquela mais óbvia: o fator humano. “No meu caso, em cadeiras práticas, isto é ainda mais evidente. Quando queremos que os alunos experimentem ferramentas é muito complicado. Eu espero que não nos habituemos a este ensino e que seja apenas uma situação provisória, porque o único elemento positivo que vejo é o tempo e o facto de não pararmos. Há muitas situações que saem desfavorecidas”, declara.

Alice Matos, professora auxiliar do departamento de Sociologia, já tinha dado aulas online no passado. Assim, refere que “as aulas online não podem ser aulas expositivas, durante essas eu sou a pessoa que menos fala. A palavra é dos alunos. E penso que esta estratégia foi uma mais valia, os alunos gostaram pelo feedback que me deram.”

A docente acresenta que teve “o cuidado de não pedir mais trabalho do que o que já estava previsto com as aulas presenciais”. Para além disso, sublinha que “o facto de os alunos não terem que se deslocar, não quer dizer que tenham mais tempo ou que tenham de dedicar um número maior de horas às suas unidades curriculares”.

Com um futuro cheio de incertezas, também existe a dúvida de como será o ensino nos próximos anos. Sendo agora possível comparar diferentes modelos, o ensino presencial é, para os alunos e docentes entrevistados, o mais funcional, sendo que o ensino à distância, embora tenha sido uma solução temporária, não poderá ser uma solução permanente.

*O ComUM tentou contactar a Reitoria mas, até ao momento, não obteve qualquer tipo de resposta.